29.9.18

JORGE PIRES: A morte de um homem de Cultura que deixa Amieira mais pobre

Jorge Manuel Pires da Rosa, nasceu em 1935 e faleceu no passado dia 24 de Setembro, aos 83 anos de uma vida dedicada à Cultura e ao desenvolvimento da sua terra: Amieira do Tejo. Soube da sua morte na quinta-feira, à tarde, não tendo podido acompanhá-lo, à sua última morada.
Vou acompanhá-lo, através deste e outros meios, e trazer ao conhecimento dos seus conterrâneos e de todos aqueles que se interessam por estas terras abandonadas do interior, um pouco da sua luta e do seu labor constante, traduzidos em incontáveis artigos publicados na imprensa regional, nas poesias que deixou escritas, na participação como cidadão responsável e interveniente activo pela melhoria das condições de vida dos seus concidadão e na dinamização cultural que implementou em Amieira e levou o nome desta terra e das suas gentes, a outras terras vizinhas, através do Teatro e do associativismo. 
O Jorge morreu! Como na canção do António Manuel Ribeiro, o Jorge partiu mas deixou um pouco de si, na sua poesia, nos seus textos, na sua acção quotidiana, na imagem de marca de um rosto onde imperava a bonomia.
Partiu o homem e o cidadão, a terra que pisou fica mais triste e vazia.
Que a sua memória perdure!
Mário Mendes 
Poesia popular de Jorge Pires
A minha poesia
Tendo dedicado grande parte da minha vida à cultura, nomeadamente ao teatro e á poesia, duas realidades pelas quais me apaixonei profundamente e sabendo como todos os mortais, que mais tarde ou mais cedo deixarei este mundo, não quero deixar de testemunhar por escrito, algumas das minhas obras, que, não sendo nada de espantar, é no entanto segundo o que eu penso, uma maneira simples de comunicar as minhas ideias e aquilo que eu sinto. Se as pessoas analisarem tudo aquilo que deixo escrito, facilmente chegarão à conclusão de que a maior parte dos trabalhos revelam uma certa revolta, fruto de uma infância carente sob todos os aspectos. Cabe aqui realçar o bom senso de minha mãe, que, apesar da adversidade, se empenhou para que eu tirasse a 4ª classe. Foi a maior riqueza que ela me deixou.
Recordações de Infância
Já desde criança que eu ando a cantar
Pois sempre esperei por um mundo novo
Cantava cantigas para me embalar
Meu povo, meu povo, meu povo
Canta cantigas para me consolar.

Triste muito triste foi a minha infância
Faltava-me o pão, faltava-me a vida
Fui criança triste, que triste criança
Minha querida mãe, minha mãe querida
Teu carinho e amor minha grande herança

Minha mãe chorava ao ver-me sofrer
Os dias passavam e eu não tinha pão
Pobreza maior não podia haver
Por isso eu te trago no meu coração
Minha mãe querida, não queiras morrer!