7.9.18

NISA - Memória Histórica: Crises de Trabalho (1)

* Falta de Trabalho (I)
12 Ago. 1912 – Exposição ao Governador Civil de Portalegre
Exmo Senhor – A Comissão Administrativa do Município de Niza em sessão ordinária de 5 do corrente mez de Agosto, entre outros negócios deliberou representar perante Vª Exª Governador Civil d´este districto contra a falta de trabalho das classes jornaleiras e falta de centeio. = O anno cerealífero foi miseravelmente remunerado ao ponto de muitos não recolherem as sementes que lançaram à terra! O pobre, o trabalhador, que não recolheu a subsistência para algumas semanas encontra-se também sem trabalho, porque aquelles que poderiam dispender algum dinheiro, também se acham desanimados pelas colheitas.
Um numeroso grupo d´aquella classe acabou de vir em numerosa massa, patentear aos paços d´este concelho a sua flagrantíssima situação, pois que, alem da escassez da colheita, lhe falta o trabalho que reclamam acrescendo a circunstancia de o centeio estar a 670 reis os 15 litros. = Esta Comissão espera do criterio altamente esclarecido de Vª Exª uma solução razoável e rápida para as criticas circunstancias dos pobres trabalhadores de Niza, agradecendo desde já toda a cooperação junto do Governo que Vª Exª possa dispensar.
Saúde e Fraternidade – o vice-presidente da Comissão: Almadanim
* Falta de Trabalho (II)
4 Julho 1912 – Ao Comandante da GNR em Portalegre
Exmo Senhor – Em resposta ao telegrama de Vª Exª de hontem, recebido aqui já muito tarde, tenho a honra de lhe enviar a inclusa nota respeitantes aos preços dos géneros alimentícios na ultima semana finda em 29 de Junho de 1912. Com relação às dificuldades neste concelho é assumpto tão vago e tão complexo, que só com aturado estudo se poderá dizer qualquer coisa de acertado e com alguma coordenação, sendo certo, que, diariamente se manifesta por toda a parte a escassez de trabalho e a pouca fertilidades destas terras. Este ano, por exemplo, das colheitas cerealíferas nem a semente é recolhida. Tudo isto, é claro, se reflecte em toda a gente, mas muito principalmente naqueles que têm de ganhar no mourejar do campo o minguado pão de cada dia.
Saúde e Fraternidade