É mais um episódio rocambolesco para os Anais da História recente do Município de Nisa. Não bastavam as ameaças de abandono da Assembleia Municipal ou a privação do direito de resposta de um vereador após ser ofendido pela Presidente da Câmara na mesma sessão; não bastavam as ordinarices de uma linguagem imprópria em sessão de um órgão institucional ou as constantes denúncias de assédio moral e psicológico tornadas públicas pelo STAL, o rol de atropelos à lei por parte da edil amieirense parece não ter fim.
Os documentos que publicamos respeitam ao despedimento de uma trabalhadora do município. Os fundamentos para essa decisão, parecem tirados de um manual do antigo SNI (Secretariado Nacional de Informação - e propaganda, acrescento, para quem não está familiarizado com a sigla). Invoca uma alínea, um ponto e uma cláusula e uma descrição genérica, sem fundamentar o real e verdadeiro motivo do despedimento.
Este, no entanto, sub-entende-se e revela no seus contornos, uma vergonhosa e rasteira tentativa de impedir e limitar o direito de liberdade de expressão, um dos mais importantes do nosso edifício democrático. Uma tal atitude, vinda de um autarca dito "normal", já seria preocupante. Tida e assumida por uma edil com superior formação jurídica mostra o "nível" de administração local que temos no nosso concelho. Calar situações destas seria pactuar com atitudes prepotentes e discriminatórias, que atentam contra o bom nome dos cidadãos, quer individual, quer colectivamente.
A pior das censuras é a auto-censura. No passado como no presente, perante situações deste tipo, não nos calaremos.
Mário Mendes