A Rosa
de Hiroshima
Pensem
nas crianças
Mudas
telepáticas
Pensem
nas meninas
Cegas
inexatas
Pensem
nas mulheres
Rotas
alteradas
Pensem
nas feridas
Como
rosas cálidas
Mas
oh não se esqueçam
Da
rosa da rosa
Da
rosa de Hiroshima
A
rosa hereditária
A
rosa radioativa
Estúpida
e inválida
A
rosa com cirrose
A
anti-rosa atómica
Sem
cor sem perfume
Sem
rosa sem nada
Gosto do Obama. Vibrei
com a sua eleição e depois com a reeleição para o cargo de presidente dos EUA.
De ambas as vezes festejei como se de uma vitória do meu Benfica na Liga dos
Campeões se tratasse. Tremo, hoje, só de pensar na possibilidade da América
poder eleger uma nova versão, ainda mais hitleriana, de Ronald Reagan, agora
com o nome de Trump.
Fiquei desgostoso, no
entanto, com a visita de Obama a Hiroshima. Pairou no ar um cheiro, intenso, a
hipocrisia, enquanto os canais televisivos relatavam a visita como o grande
acontecimento da semana e, quiçá, do ano. Fiquei estarrecido ao ouvir, vezes
sem conta, como se esse fosse o essencial da mensagem nesta visita, que os
Estados Unidos lamentavam a utilização das bombas atómicas (Hiroxima e
Nagasaqui) há 70 anos atrás, mas que não tinham intenção de pedir desculpa.
Os milhões de mortos,
feridos, estropiados, as vítimas que ainda hoje continuam a aparecer, como
sequelas da utilização das bombas atómicas, a destruição de cidades inteiras,
continuam, sete décadas passadas, a não pesar na consciência da “nação
americana”.
Tenho pena, por Obama,
que isto tenha acontecido. Há formas mais dignas e dignificantes de acabar um
mandato presidencial...
Mário Mendes