Morrem os bravos, ficam os
bárbaros.
Um a um, os heróis de Abril vão
perecendo e Portugal fica mais pobre, carecido de referências, entregue à
comissão liquidatária que escondeu a agenda ideológica durante a campanha
eleitoral.
Vão-se os bravos e ficam a uivar
os lobos nesta melancólica quadra em que os próximos voos da TAP são de aves
migratórias que não regressam mais, obrigadas a levantar voo, expulsas do seu
habitat.
Como o crocodilo, ficam a voar baixinho
os membros da comissão liquidatária do país que nunca sentiram seu. Falam
grosso, como se as polícias estivessem ao seu serviço, o poder fosse um direito
e a governação uma viagem ao passado.
Vítor Crespo foi um dos melhores.
Vai a sepultar enquanto ficam os que nos enterram e preparam campanhas sujas
para se perpetuarem.
Em Abril, Vítor Crespo estava na
Pontinha, depois esteve na transição da independência de Moçambique e continuou
a servir Portugal sem se servir da Pátria que amou.
A mágoa pela perda de um herói só
tem paralelo na que permanece pelos cobardes que ficam.
Há luto em Portugal e Moçambique.
Em Belém e S. Bento a vida continua indiferente à perda que os democratas
sentem.
Carlos Esperança in http://ponteeuropa.blogspot.pt
18/11/2014
Associação 25 de Abril manifesta profundo pesar
O antigo oficial da Marinha Vítor
Crespo, que participou no 25 de Abril de 1974, morreu hoje aos 82 anos,
anunciou a Associação 25 de Abril.
"É com profundo pesar que vos comunico o falecimento do militar de
Abril, ocorrido hoje, almirante Vítor Manuel Trigueiros Crespo.
Nascido em Porto de Mós, em 21 de
março de 1932, Vítor Crespo foi um militar de Abril de todas as horas, um dos
principais dirigentes da Marinha no Movimento das Forças Armadas, integrando a
equipa do Posto de Comando da Pontinha, nas operações militares do 25 de
Abril", pode ler-se no comunicado, assinado pelo presidente da associação,
Vasco Lourenço.
A Associação 25 de Abril lembra
ainda que Vítor Crespo foi membro do "primeiro Conselho de Estado, após o
25 de Abril" e assumiu o cargo de Alto-Comissário de Moçambique até à
independência deste território. "Regressado a Portugal, mantém-se no
Conselho da Revolução (...) sendo o único dos membros da Armada a integrar os
primeiros subscritores do Documento dos Nove", lembram.
Crespo integrou depois como
ministro da Cooperação o VI Governo Provisório (setembro de 1975 a julho de 1976),
chefiado por Pinheiro de Azevedo. "Após a extinção do conselho da
revolução, volta à Armada, onde (...) assume o cargo de Director do Serviço de
Justiça (...) até à sua passagem à situação de Reserva", pode ler-se no
comunicado da associação, destacando o facto de Vítor Crespo ter "sócio
fundador nº 2" da organização.
"Com o seu falecimento,
Portugal perde um dos seus melhores cidadãos, a Associação 25 de Abril fica
bastante mais pobre e, pessoalmente, vejo partir um dos meus melhores
amigos", lamentou Vasco Lourenço.
O velório de Vítor Crespo
realiza-se na Basílica da Estrela, quinta-feira, a partir das 17h00. Na
sexta-feira, realiza-se uma cerimónia de homenagem às 12h, que antecede o
funeral, no cemitério do Alto de S. João.