19.12.14

OPINIÃO: A morte de Vítor Crespo

 Morrem os bravos, ficam os bárbaros.
Um a um, os heróis de Abril vão perecendo e Portugal fica mais pobre, carecido de referências, entregue à comissão liquidatária que escondeu a agenda ideológica durante a campanha eleitoral.
Vão-se os bravos e ficam a uivar os lobos nesta melancólica quadra em que os próximos voos da TAP são de aves migratórias que não regressam mais, obrigadas a levantar voo, expulsas do seu habitat.
Como o crocodilo, ficam a voar baixinho os membros da comissão liquidatária do país que nunca sentiram seu. Falam grosso, como se as polícias estivessem ao seu serviço, o poder fosse um direito e a governação uma viagem ao passado.
Vítor Crespo foi um dos melhores. Vai a sepultar enquanto ficam os que nos enterram e preparam campanhas sujas para se perpetuarem.
Em Abril, Vítor Crespo estava na Pontinha, depois esteve na transição da independência de Moçambique e continuou a servir Portugal sem se servir da Pátria que amou.
A mágoa pela perda de um herói só tem paralelo na que permanece pelos cobardes que ficam.
Há luto em Portugal e Moçambique. Em Belém e S. Bento a vida continua indiferente à perda que os democratas sentem.
Carlos Esperança in http://ponteeuropa.blogspot.pt 18/11/2014
Associação 25 de Abril manifesta profundo pesar


O antigo oficial da Marinha Vítor Crespo, que participou no 25 de Abril de 1974, morreu hoje aos 82 anos, anunciou a Associação 25 de Abril.  "É com profundo pesar que vos comunico o falecimento do militar de Abril, ocorrido hoje, almirante Vítor Manuel Trigueiros Crespo.
Nascido em Porto de Mós, em 21 de março de 1932, Vítor Crespo foi um militar de Abril de todas as horas, um dos principais dirigentes da Marinha no Movimento das Forças Armadas, integrando a equipa do Posto de Comando da Pontinha, nas operações militares do 25 de Abril", pode ler-se no comunicado, assinado pelo presidente da associação, Vasco Lourenço.
A Associação 25 de Abril lembra ainda que Vítor Crespo foi membro do "primeiro Conselho de Estado, após o 25 de Abril" e assumiu o cargo de Alto-Comissário de Moçambique até à independência deste território. "Regressado a Portugal, mantém-se no Conselho da Revolução (...) sendo o único dos membros da Armada a integrar os primeiros subscritores do Documento dos Nove", lembram.
Crespo integrou depois como ministro da Cooperação o VI Governo Provisório (setembro de 1975 a julho de 1976), chefiado por Pinheiro de Azevedo. "Após a extinção do conselho da revolução, volta à Armada, onde (...) assume o cargo de Director do Serviço de Justiça (...) até à sua passagem à situação de Reserva", pode ler-se no comunicado da associação, destacando o facto de Vítor Crespo ter "sócio fundador nº 2" da organização.
"Com o seu falecimento, Portugal perde um dos seus melhores cidadãos, a Associação 25 de Abril fica bastante mais pobre e, pessoalmente, vejo partir um dos meus melhores amigos", lamentou Vasco Lourenço.
O velório de Vítor Crespo realiza-se na Basílica da Estrela, quinta-feira, a partir das 17h00. Na sexta-feira, realiza-se uma cerimónia de homenagem às 12h, que antecede o funeral, no cemitério do Alto de S. João.