A vila de Nisa esteve em festa no passado domingo, dia 18, para assinalar os 500 Anos da concessão do Foral Manuelino. As comemorações estiveram marcadas para dia 15 de Novembro, a data exacta da atribuição de tão importante documento, mas teve de ser adiada devido às más condições atmosféricas, com excepção do acto inaugural de uma exposição de trabalhos dos alunos da Escola EB 1 de Nisa, alusivos ao “Foral de Nisa” e que está patente no átrio do Cine Teatro.
No domingo, sem grande pompa e circunstância e com algum povo espalhado pelas ruas para ver o cortejo histórico cumpriu-se o programa a preceito, com o Desfile da Corte para a entrega do Foral e que percorreu algumas das principais artérias da vila, ao som dos Bombos de Nisa, gaita-de-foles, cavaleiros e peões, representando, simbolicamente, aspectos da época quinhentista.
O desfile terminou nas Portas de Montalvão, onde tiveram lugar os actos solenes da entrega e proclamação dos direitos e deveres constantes do Foral, seguindo-se a actuação dos grupos "Mantas Orelos", Domingos e Dias Santos que animaram a festa popular, a que não faltou o competente Magusto.
Refira-se que o Foral Manuelino de Nisa, à semelhança da generalidade dos forais alentejanos, foi concedido na segunda década de Quinhentos. A feitura do foral novo de Nisa obedeceu a um protótipo e esteve a cargo do calígrafo Fernando Pina, "que o fez escrever em onze folhas", devidamente numeradas. O iluminista terá sido Francisco Peres, em cujos trabalhos figuravam primordialmente flores e folhas.
Os Novos Forais – Forais Manuelinos - tinham como objectivo demarcar os limites territoriais estabelecendo as relações económicas e sociais entre as entidades outorgadas e as outorgantes, definindo os tributos a pagar pelos primeiros e tinha acima de tudo um carácter fiscal. Eram discriminados os lugares no concelho e descriminadas as dívidas à coroa que eram pagas em géneros alimentícios ou dinheiros reais. Estes forais foram reunidos no chamado Livro dos Forais Novos.
Texto: Mário Mendes
Fotos: Mário Mendes, Jorge Nunes e António Miranda