“Só por hoje” – Dia 3 de Dezembro
O dia 3 de Dezembro é, desde 1998, promovido pelas Nações
Unidas como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Por considerarmos
que urge uma alteração do nosso modelo mental face às pessoas com deficiência e
às deficiências em si, o IDP-Algarve e a Associação Portuguesa de Deficientes
propõem que só por hoje, neste dia 3 de Dezembro, seja empático com os
concidadãos e concidadãs com deficiência
Segundo a Associação Portuguesa de Deficientes (APD), existe
em Portugal cerca de 1 milhão de pessoas com deficiência. Segundo dados das
Nações Unidas 10% da população mundial é portadora de alguma deficiência. Um
número que tende a aumentar proporcionalmente à esperança média de vida, pois
havendo mais idosos também haverá maior número de deficiências. Entre elas
destacam-se a mobilidade e a falta de visão, sendo neste sentido importante
pensar a longo prazo e quais os investimentos necessários.
O primeiro passo para a inclusão dos deficientes começa na
mudança do nosso modelo mental. É com este objetivo que o IDP-Algarve se
associa à APD numa campanha a ser dinamizada nas redes sociais, designada “SÓ
POR HOJE”. O desafio é simples, «“SÓ POR HOJE”, no dia 3 de Dezembro, seja
empático para com os concidadãos e concidadãs portadoras de deficiência».
“Só por hoje”
O estado de empatia não é uma forma de caridade, é antes, a
solidariedade de facto. Consiste em colocar-se no lugar do outro, porém, sem
nunca perder essa condição de “como se”. A empatia implica, por exemplo, sentir
a dor ou o prazer do outro como ele o sente e perceber suas causas como ele a
percebe, sem nunca perder de vista que se trata da dor ou do prazer do outro.
Há assim a construção emocional e psíquica de uma relação de identificação com
o outro. A empatia é, segundo Hoffman (1981), a resposta afetiva apropriada à
situação de outra pessoa, e não à própria situação.
Só por hoje, seja empático com a pessoa com deficiência
motora e imagine que se desloca numa cadeira de rodas. A sua porta de casa tem
a largura suficiente para uma cadeira de rodas passar? – tem elevador? – a sua
cadeira de rodas consegue lá entrar? A sua porta da rua tem rampa ou escadas?
De que ajudas precisaria para conseguir, simplesmente, sair de casa? E quanto
teria de pagar por essas ajudas? E teria capacidade financeira para suportar
essas necessidades acrescidas? Só por hoje, entre no autocarro como se
estivesse numa cadeira de rodas. Está a circular na rua e precisa de atravessar
a estrada - as passadeiras estão desimpedidas de carros? as rampas que existem
nalguns lancis estão bloqueadas pelos carros ou estão livres para a sua passagem?
– sabe quantas rampas de passagem a pessoas com deficiência existem no seu
percurso de casa para o trabalho? No seu local de trabalho, circule só por onde
possam passar cadeiras de rodas … - se o fizer será capaz de chegar à casa de
banho?
Só por hoje, seja empático com o cego ou uma pessoa com
deficiência visual. Não veja. Circule dentro da sua casa de olhos vendados.
Faça tudo de olhos vendados. Encha o seu copo de água e prepare as refeições
com os olhos vendados. Memorize os espaços, estimule a audição, o tato e o
olfato.
Só por hoje, quando for ao supermercado compre só produtos
que necessite e destes escolha só os que tiverem identificados com escrita
Braille – verá que poupa dinheiro, não obstante, o facto de não conseguir
adquirir o que necessita.
Só por hoje, não fale. Procure exprimir-se com gestos e
expressões faciais. Só por hoje aprenda o básico da linguagem gestual.
Só por hoje, seja empático com o surdo. Não oiça. Aprenda a
ler os lábios dos que falam. Só por hoje veja televisão sem som. Compreenda os
outros sem os ouvir. Desperte os seus sentidos de visão, olfato e tato.
Só por hoje, coloque-se, de facto, no lugar do outro. Sinta
e aja como se fosse. Ajude a mudar o modelo mental vigente para que
gradualmente haja uma maior inclusão das pessoas com uma qualquer deficiência
Só por hoje.