"Cleópatra" abriu a programação do Cine Teatro de Nisa no mês de Novembro de 1941. Fosse pela qualidade do filme e ou dos intérpretes, ou apenas por se tratar de dia feriado, a sala de espectáculos de da Praça da República registou a presença de 308 espectadores.
Destaque, ainda, neste mês, para a exibição de outro filme de grande gabarito "Monte dos Vendavais", com 300 assistentes.
A população de Nisa sempre gostou de cinema, não apenas pela falta de outro tipo de divertimentos, mas porque o grande écran, as imagens, as cenas e a música que nele passava, representavam um "corte" com as agruras de uma vida difícil e projectavam nos espectadores não só o conhecimento de outras realidades como os sonhos de uma vida melhor, a viagem, nunca ou poucas vezes concretizada, para lá dos limites do concelho.
Nisa tem uma sala "soberba", moderna, funcional, com conforto e condições acústicas excepcionais, como recentemente foi elogiada. Custa a crer que os responsáveis camarários - que ali mantém um corpo, considerável, de funcionários, não tenha verbas para promover a exibição regular de filmes, de projectar e dinamizar a cultura, uma das suas principais obrigações.
Nisa está sem cinema há dois anos. É uma afronta para os nisenses e a uma sala que tanto custou a recuperar.
Que triste é dizê-lo, mas uma Câmara que não consegue promover a cultura, dinamizar os equipamentos culturais de que dispõe, não é digna das funções que ocupa e das atribuições que lhe estão cometidas...
Mário Mendes