19.12.11

IN MEMORIAN - Joaquim Margarido: um Amigo que partiu!

Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade
Sobram as palavras, soltam-se, desenfreadamente, as emoções, quando queremos falar de um amigo que partiu.
Joaquim Manuel de Matos Margarido, 59 anos, nascido e vivido em Montalvão, faleceu no passado dia 13 de Dezembro, após anos de doença e de um sofrimento que não exteriorizava.
O funeral realizado na manhã do dia 14, na terra que tanto amou, foi, ao mesmo tempo, uma impressionante manifestação de dor, e uma bela, ainda que triste, imagem das muitas centenas de amigos que o acompanharam e quiseram mostrar-lhe, na derradeira despedida, o sentimento de apreço e de reconhecimento de que em vida foi credor.
Conheci o Joaquim Margarido nos Serviços Municipalizados de Nisa onde ambos iniciámos a vida profissional. Introvertido, muito metido consigo próprio, o Joaquim Margarido dava uma ideia diferente do que, em essência, era.
Desses tempos nos Serviços ficou uma grande amizade, aprofundada mais tarde em Portalegre, cidade onde nos viemos a encontrar, profissionalmente.
O Margarido, electricista na Quartel da GNR raro era o dia em que não fazia uma visita à EDP mostrando que, afinal, era um grande conversador e que a sua terra, Montalvão, estava no centro das suas preocupações.
Não me admirou que, após a passagem à situação de aposentado, tenha encontrado na Santa Casa da Misericórdia a instituição certa para ocupar, solidária e dedicadamente, os seus tempos livres.
Uma dedicação extrema, exemplar, que legou à Misericórdia de Montalvão, entidade de que me falava amiúde, apaixonadamente, e que era uma das razões da sua existência, quando a doença, sibilinamente, entrara já na sua vida.
O Joaquim Margarido morreu. Eu perdi um amigo, verdadeiro e solidário.
Montalvão perdeu um filho, um montalvanense que sem ser ilustre, ilustrou com trabalho e sentimento de dádiva, o seu amor aos outros e à terra onde nasceu.
Aos pais, irmãos, esposa e familiares do Joaquim Margarido apresento sentidas condolências.
Mário Mendes