24.12.11

TEMPO DE NATAL: Hiroshima, meu amor...

No tempo que se aproxima
No tempo que se aproxima
Soçobrarão os ventos de Hiroxima
E o canto dos pássaros encherá o azul de novas cores

Não haverá mais o céu fornalha e fogo
E a vida há-de surgir quando encontrar o amor
No tempo que se aproxima

Os homens unirão a força que os anima
E deixarão os vales e os rios da dor
Subirão à serra
E do mais alto gritarão a liberdade
Ao vento e aos astros
E terão mais perto e seu o chão da terra

No tempo que se aproxima
Ressoarão ainda os gritos sufocados de Hiroxima
E os monstros encobertos tremerão de medo
De cada vez que ousem descobrir-se

Para lá da serra
Tocam-se o mar e o infinito
E os homens para sempre ouvirão os lamentos
De Hiroxima a nua
A que chora despida
Exangue
E sem ternura
Os homens que nasceram
Apenas para a morte
Carlos Franco Figueiredo (Inédito - 1965)