9.12.11

D. António, benfeitor de Nisa, homenageado nos 50 anos da sua morte



D. António Lobo da Silveira (Alvito), benemérito que em cumprimento do desejo de sua esposa, resolveu abdicar da herança por ela deixada, em favor da Santa Casa da Misericórdia de Nisa, possibilitando a criação do Asilo de Nossa Senhora da Graça – Fundação Lopes Tavares, foi homenageado no passado sábado, dia 26, por aquela instituição, no ano em que se completaram 50 anos após a sua morte, ocorrida em 16 de Fevereiro de 1961.
A homenagem teve lugar no Salão Nobre da Santa Casa da Misericórdia de Nisa e constou de uma palestra evocativa da vida e da obra de D. António Lobo da Silveira (Alvito), tendo como orador o historiador José Joaquim Carmona, do descerramento de uma placa evocativa na base do monumento erigido ao ilustre benemérito, na entrada principal do edifício e da celebração de missa solene na Igreja da Misericórdia.
Na palestra realizada no salão nobre da instituição, perante Irmãos, utentes, convidados e admiradores de D. António, José Joaquim Carmona começou por apresentar os familiares do homenageado a título póstumo e de sua esposa, D. Palmira Fialho Ferro Lopes Tavares, deixando claro que tratava-se de uma conversa informal e para a qual convidava os presentes a falarem sobre o D. António.
A figura do benemérito e o seu gesto altruísta de valor inestimável para os pobres de Nisa, foi relembrada iniciando-se com uma viagem às origens, com explicação exaustiva da “árvore genealógica” desde o século XV até ao século XX e que culminou com a grande obra social e humanitária que deu pelo nome de Asilo de Nossa Senhora da Graça – Fundação Lopes Tavares, inaugurada em 1947.
Uma obra que só foi possível devido à generosidade de D. António Lobo da Silveira (Alvito) que após a morte de sua esposa e sem descendentes, deu imediato cumprimento à sua vontade, abdicando da herança e doando a sua fortuna à Santa Casa da Misericórdia de Nisa, ficando a viver da sua modesta reforma de empregado bancário.
D. António ficou conhecido como “o pai dos pobres de Nisa” e a sua memória ficará a perpetuar pela vida fora, como exemplo de generosidade e de benemerência para o povo desta terra.
A autarquia nisense e por proposta aprovada por unanimidade numa sessão da Assembleia Municipal, nos idos de oitenta, deliberou atribuir o nome do grande benemérito nascido em Pombal a 1 de Março de 1875, à rua que da Praça do Município conduz às Portas de Montalvão e daqui até à humilde choupana, onde comia e dormia com um humilde trabalhador rural, que tinha por alcunha o “Lobo Soveral”.
A antiga Rua da Cadeia, depois designada Rua Marechal Carmona passou a ter uma designação mais nobre, e a expressar, na singeleza das placas de mármores, um profundo sentimento de admiração e gratidão.
Nisa lembrou e homenageou o homem nobre e generoso. A Santa Casa da Misericórdia erigiu-lhe um busto na entrada principal do palácio Lopes Tavares. Falta, agora, o reconhecimento público e a implantação de uma estátua ou busto num dos espaços centrais da vila. Poucos, muito poucos, foram tão merecedores desta justa, quão protelada, distinção.
Há sempre tempo para corrigir o erro e fazer retomar a história, em forma de reconhecimento. Assim o queiram os homens...
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 7/12/2011