22.2.10

NISA: Retratos Pequenos e Breves do Património Cultural e Natural (6)

Continuação da divulgação do original
“Retratos Pequenos e Breves do Património Cultural e Natural do Concelho de Nisa” – 6/17

José Dinis Murta, in Nisa Viva – Revista de Cultura e Desenvolvimento Local, n.º 17, Dezembro 2009, págs. 3/14.

Património de bens imóveis
Património arqueológico
Volta e meia vem à baila o menir do Patalou, cujo único mal não é o estar deitado em vez de erguido, posição que teria originalmente. Sabe onde fica este exemplar do megalitismo? Conhece o seu valor patrimonial? (Figura 3, já apresentada anteriormente, mas que aqui se repete, para comodidade do leitor. Por motivos que nos são alheios não é esta a fotografia que foi incluída na Revista, mas uma outra, que não é da nossa responsabilidade e que não é datada de 2009).

Figura 3 - Menir do Patalou (Dezembro de 2009)

Qual é o nosso património arqueológico? O que tem sido feito para o conhecer, preservar, valorizar e divulgar?
O primeiro levantamento não sistemático do património arqueológico consta do Plano Director Municipal (PDM) de Nisa aprovado em 1994. Posteriormente, para efeitos de revisão do PDM, que continua por concluir, o levantamento teve trabalhos de actualização em 2003 e 2004, pela Universidade de Évora, e depois e, até ao corrente ano, por uma empresa privada.
Lê-se no site da Câmara: http://www.cm-nisa.pt/nisa_patrimonio.htm -, a propósito de uma listagem de imóveis/monumentos: ”… Existe no entanto, um conjunto muito mais diversificado em termos arqueológico, em actualização neste momento, e que já ascende actualmente a 800 arqueossitios, mas que por motivos óbvios não estão aqui patentes, podendo ser consultados na Câmara Municipal de Nisa.” (cópia textual).
Quem não tem acesso à Internet desconhece! Quem não vai à Câmara desconhece!
Desconhece-se a conclusão do inventário arqueológico!
Em roteiro publicita-se a anta de S. Gens (Monumento Nacional), a dos Saragonheiros e mais duas ou três. Depois parece que não há mais nada, nem safurdões, nem sepulturas antropomórficas, nem arte rupestre. Vieram as termas com pompa e circunstância, mas para as antas de S. Gens, o Poço da Lança e outros bens nas imediações tudo continua na mesma, por ali, apenas a Valquíria-enxoval.
Aqueles em cujas propriedades há bens arqueológicos têm conhecimento desses mesmos bens e dos seus direitos e deveres no que concerne à sua preservação?
O parque arqueológico do Conhal está há dois anos no papel! E o centro de interpretação da arte rupestre em Montalvão está há quantos?
Os bens móveis de natureza arqueológica serão referidos adiante no património museológico.
Património industrial
Lagares de azeite movidos por força animal ou hidráulica, moinhos, pisões onde estão ou estiveram? Como funcionavam?
Perderam-se unidades industriais, designadamente adstritas ao fabrico de pirolitos de José Correia, em Nisa, à cerâmica (talhas e telha tipo Marselha, entre outros) de Francisco Semedo, em Amieira do Tejo, e ao fabrico de tijolo burro e/ou de telha mourisca com fornos implantados no campo junto das matérias-primas e vulgarmente conhecidos por telheiros.
Pode ver no Museu do Bordado e do Barro uma talha de Francisco Semedo, mas há muitos exemplares, alguns dos quais ainda em uso, na posse de privados no concelho.

Pormenores de talha de barro (património privado)
A talha faz parte do património móvel, contudo documenta,
neste caso, a existência de olaria em Amieira no ano de 1861.
Atente-se na identificação do oleiro – Cald.ra
(Manoel Luiz Caldeira, com 63 anos de idade, à altura)
(Fotografias não incluídas no texto original de “Retratos …”)


E perdidas e abandonadas pelos campos há inúmeras noras e algumas picotas símbolos de agricultura de um passado não muito distante e de uma arte do ferro, que se perdeu e que se associava, por vezes, à da madeira no fabrico de carros e carroças. Onde estão estas ferrarias e carpintarias?
(continua em 7/17) - José Dinis Murta