Com a economia europeia a estagnar e o motor da Europa, a Alemanha a entrar em recessão, fruto da guerra e das políticas de direita europeias erradas, a extrema-direita cresce como se vê na França e na Suécia. Depois da Hungria, a Itália é o segundo país da U.E. a ser governada pela extrema-direita. É o avanço do conservadorismo, a defender o sexismo, racismo e a discriminação para com os mais desfavorecidos.
É a arte da direita ultranacionalista que vê na União Europeia um papão e graças às políticas erradas, conseguem dar razão a quem não vai fazer parte da solução. O crescimento desta cultura já se estende pela Polónia, Hungria, República Checa, Eslováquia e agora Itália. O que será do projeto da União Europeia se estes crescimentos perigosos continuarem? O VOX em Espanha e o Chega em Portugal, já mostraram que conseguem enganar muita gente com o seu discurso de ódio e retórica falaciosa.
O mundo teve a oportunidade de perceber as trapalhadas de Trump, as posições infelizes de Bolsonaro, a atitude execrável de Orbán e não percebe que Le Pen, Salvini, Abascal, Berlusconi e Meloni são mais do mesmo. Berlusconi depois de condenado pela justiça por promover a prostituição de menores, corrupção e fraude fiscal, depois de ter sido expulso, consegue de novo um lugar no Senado italiano. Tanto os que votam em corruptos, como os que se coligam com corruptos, defendem a corrupção. E o que dizer de André Ventura que defende este tipo de pessoas?
Berlusconi é o exemplo de político com muito tempo de governação, responsável pela situação económica e social de Itália e que depois se apresenta como salvador. Foi condenado e envolvido em escândalos sexuais e atitudes sexistas, mas não tem sido o suficiente para o afastar da política, onde fez sempre parte do problema, de mão dada com a extrema-direita propagandista. É em tempos difíceis que estes oportunistas conseguem iludir as pessoas.
Mateo Salvini que foi vice-primeiro-ministro no governo de Giusepp Conte, tal como Berlusconi defendem Putin e os cleptocratas/oligarcas russos; já a vencedora nas legislativas italianas, a eurocética Giorgia Meloni, líder do Fratelli d’ Itália (FdI), que já foi ministra de Berlusconi (2008), garante que apoia o, também antissistema, Zelensky. Garante ainda, pelo menos por agora que não vai levar para a frente as suas ideias de criminalizar as mulheres que abortam.
A Europa falhou e não se preparou para estes perigosos nacionalismos, assim como falhou por ter fechado os olhos em 2014 ao que estava a acontecer no Donbass, abandonando a Ucrânia para favorecer os negócios com a Rússia da extrema-direita de Putin.
Itália sofreu da síndroma das políticas de direita mascaradas de centrão, ou cinzentão, como faz o PS de António Costa. Mario Draghi foi vítima das suas ligações perigosas com o partido sensacionalista do milionário Beppe Grillo e a experiente Meloni de matriz neofascista, adaptada aos tempos modernos, só teve de esperar pela insatisfação popular. Ainda sobre Beppe Grillo do 5 Estrelas, este é mais um exemplo de que, aqueles que dizem não ter ideologia e não serem políticos, apenas querem enganar os eleitores e chegar ao poder. Já Meloni, uma admiradora de Mussolini, quer seguir as políticas de Trump, Orbán e Bolsonaro, garantindo (por agora) que não quer sair da U.E. nem do euro.
No Brasil, Bolsonaro está à beira de sair pela porta pequena como Trump. À medida que as pessoas caem nas mentiras da extrema-direita, parecem querer recuperar a dignidade do Brasil, sendo que Lula, também vai ter que recuperar um país em que a mulher do atual presidente aconselhou os pobres famélicos a jejuar para não lhes faltar comida.
Portugal, pode ter decretado três dias de luto pelo Hitler, Salazar podia admirar Mussolini e ter chorado a sua morte em 1945, mas Hitler e Mussolini deixaram as suas marcas e sucessores. Até a relação de Salazar com Franco (Espanha) demonstra um nacionalismo bacoco, porque estava a facilitar uma possível anexação de Portugal à Espanha com o apadrinhamento da Alemanha nazi.
O norte da Europa está a dar sinais preocupantes e por cá não é diferente. Com a direita a normalizar a extrema-direita sem combate político, está a levar ao enfraquecimento dos sociais-democratas. Os direitos humanos consagrados pela ONU estão em perigo, com as pessoas a apostarem em políticos perigosos e retrógrados. Os ditadores morreram, mas deixaram seguidores.
Paulo Cardoso - Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre -07-10-2022