Arraial
d´Alfama
I
Desde
a Rua de S. Pedro
Até
às Cruzes da Sé
Há
movimento no bairro
Para
ver o Arraial
Lá
na Rua da Galé
II
Abundam
os forasteiros
Dos
outros bairros castiços
Não
falta a Madragoa
O
Bairro Alto e a Mouraria
Parece
uma romaria
Desde
a boquinha da noite
Até
ao romper do dia.
Oh
Alfama!
Bairro
de tradições
Tens
um povo bairrista
De
alma fadista
Para
afogar as paixões.
III
Toca
a música
Dança
tudo, minha gente
Não
falta ninguém na roda
Baila
o padeiro
Com
a mulher e a sogra
Entra
o aguadeiro
Com
a tia Constança
P´ra
fazero seu pé de dança.
Oh
Alfama!
Bairro
de tradições
Tens
um povo bairrista
De
alma fadista
Para
afogar as paixões.
IV
Segue
a noitada
Cada
vez mais animada
Ninguém
quer arredar pé
Chega
a Micas, Rainha do Bairro
Com
o seu par a fazer arraial
É
a vedeta genial
Levanta
a saia
Mostra
a liga
De
cor garrida, parece uma ortiga
E,
tudo isto é uma cantiga.
Oh
Alfama!
Bairro
de tradições
Tens
um povo bairrista
De
alma fadista
Para
afogar as paixões.
V
Cantigas
e fados
Há
por todos os lados
E
o povo jubila encantado
É
já alta a noite
As
tascas abertas
Vai
alta a maré
E
o China não se pode por em pé
Vai
em charola
Numa
padiola
Com
tochas acesas
E
capa de burel
P´ro
altar de S. Miguel
Oh
Alfama!
Bairro
de tradições
Tens
um povo bairrista
De
alma fadista
Para
afogar as paixões.
VI
Cantam
os galos
E
esconde-se o luar
Os
foliões não querem abalar
Está
a romper o dia
Apagam-se
as luzes
Há
grande gritaria
No
Beco do Mexia
Vai
haver festa no Beco das Cruzes
Começa
a zaragata
Com
linguado e pancada
Há
gritos “Ó da guarda!”
Vem
a polícia
E
a Luzia vai prá esquadra!
Augusto Pinheiro (pintor naif e poeta)
Augusto
Pinheiro (Nisa, 22 de Agosto de 1905 — Nisa, 18 de Outubro de 1994) foi um
pintor português.
Aos
nove anos de idade foi para o Entroncamento, trabalhar numa fábrica de rolhas,
e daí para Lisboa. Tornou-se empregado de escritório e, após ter trabalhado em
várias empresas, estabeleceu-se por conta própria, fazendo negócio de
exportação de produtos alimentares.
Já
no tarde da sua vida (aos 66 anos), o comerciante que sempre se interessara por
arte, resolveu meter-se a pintor. Sem ter preocupações em saber se era de um
estilo ou de outro foi pintando à sua maneira, acabando por ser identificado
por Mário Oliveira como pintura "naif".
Aquele
arquitecto e crítico de arte viria a escrever na apresentação de uma das suas
exposições do pintor ingénuo de Nisa "a autêntica arte naïf, nasce no
campo anímico da inocência e da simplicidade", considerando-o sem dúvida
"a nossa primeira figura dentro desta arte".
Augusto
Pinheiro que nunca teve escola, tornou-se uma referência na pintura portuguesa
dos nossos dias. Realizou numerosas exposições individuais e participou em
inúmeras exposições colectivas.
Foram-lhe
atribuídos alguns prémios, nomeadamente o Primeiro Prémio do XIV Salão Nacional
(III Internacional) de pintura "naïf", por unanimidade do júri.
Foi-lhe
atribuída a Medalha de Prata, pelo município de Nisa, aquando do feriado
municipal daquela vila em Abril de 1987.
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