Está
em curso até ao dia 4 de Julho pp. a 3ª campanha de escavação arqueológica na
Anta dos Currais do Galhordas, Castelo de Vide, coordenada por Sérgio Monteiro
Rodrigues, professor da Universidade do Porto, em que participam estudantes da
licenciatura em Arqueologia da Faculdade de Letras daquela mesma Universidade,
bem como funcionários da Secção de Arqueologia da Câmara Municipal de Castelo
de Vide, que desde 2012 têm aqui desenvolvido este projeto fundamental no
contexto do estudo da Pré-História da região.
Estes
trabalhos decorrem no âmbito de um projecto promovido pelo Município de Castelo
de Vide, que visa a valorização turística, cultural e ambiental da envolvente
da albufeira da barragem de Póvoa e Meadas, contemplando, entre outros aspetos,
o restauro e o estudo científico de alguns elementos patrimoniais da área,
nomeadamente os chamados monumentos megalíticos.
A
Anta dos Currais do Galhordas – uma espécie de “jazigo” pré-histórico – terá
sído construída na fase final do Neolítico, há mais de 5000 anos (cerca de 3200
antes de Cristo), sendo posteriormente reutilizada durante o Calcolítico (cerca
de 2500 antes de Cristo) e durante a Idade do Bronze (cerca de 1600 antes de
Cristo).
Durante
este período de cerca de 1500 anos, as comunidades humanas que edificaram a
Anta dos Currais do Galhoradas viviam em acampamentos, que foram crescendo ao
longo dos tempos até surgirem pequenas aldeias, e obtinham os seus alimentos a
partir da agricultura, da criação de gado, da caça, da pesca e da recoleção de
produtos selvagens.
No
decurso da primeira e da segunda campanha de escavação recolheram-se na Anta
dos Currais do Galhordas diversos utensílios em pedra (por exemplo, machados de
pedra polida) e vários vasos cerâmicos muito bem conservados. Em três deles foi
possível identificar – através de um procedimento laboratorial denominado
cromatografia gasosa com deteção por massa – resíduos de leite, de peixe e de
frutos vermelhos. Estes produtos seriam colocados nos vasos supostamente
durante os rituais fúnebres, acompanhando os mortos no momento em que estes
eram depositados no interior da câmara funerária. Durante as referidas
campanhas de escavação foi também possível compreender as sofisticadas técnicas
usadas na construção da Anta.
Estes
trabalhos de escavação e de restauro, as datações pelo radiocarbono já
realizadas, bem como os estudos complementares que permitiram identificar os
conteúdos orgânicos nos vasos cerâmicos foram integralmente financiados pela
Câmara Municipal de Castelo de Vide.
A
3ª campanha de escavação – a que está em curso – tem como principais objectivos
o restauro do monumento e a delimitação de certos setores que não foram
anteriomente intervencionados.
Durante
a semana corrente será possível visitas abertas à Comunicação Social.