22.6.15

CASTELO DE VIDE: A anta dos Currais do Galhordas entra na fase final do seu estudo

 Está em curso até ao dia 4 de Julho pp. a 3ª campanha de escavação arqueológica na Anta dos Currais do Galhordas, Castelo de Vide, coordenada por Sérgio Monteiro Rodrigues, professor da Universidade do Porto, em que participam estudantes da licenciatura em Arqueologia da Faculdade de Letras daquela mesma Universidade, bem como funcionários da Secção de Arqueologia da Câmara Municipal de Castelo de Vide, que desde 2012 têm aqui desenvolvido este projeto fundamental no contexto do estudo da Pré-História da região.
Estes trabalhos decorrem no âmbito de um projecto promovido pelo Município de Castelo de Vide, que visa a valorização turística, cultural e ambiental da envolvente da albufeira da barragem de Póvoa e Meadas, contemplando, entre outros aspetos, o restauro e o estudo científico de alguns elementos patrimoniais da área, nomeadamente os chamados monumentos megalíticos.
A Anta dos Currais do Galhordas – uma espécie de “jazigo” pré-histórico – terá sído construída na fase final do Neolítico, há mais de 5000 anos (cerca de 3200 antes de Cristo), sendo posteriormente reutilizada durante o Calcolítico (cerca de 2500 antes de Cristo) e durante a Idade do Bronze (cerca de 1600 antes de Cristo).
Durante este período de cerca de 1500 anos, as comunidades humanas que edificaram a Anta dos Currais do Galhoradas viviam em acampamentos, que foram crescendo ao longo dos tempos até surgirem pequenas aldeias, e obtinham os seus alimentos a partir da agricultura, da criação de gado, da caça, da pesca e da recoleção de produtos selvagens.
No decurso da primeira e da segunda campanha de escavação recolheram-se na Anta dos Currais do Galhordas diversos utensílios em pedra (por exemplo, machados de pedra polida) e vários vasos cerâmicos muito bem conservados. Em três deles foi possível identificar – através de um procedimento laboratorial denominado cromatografia gasosa com deteção por massa – resíduos de leite, de peixe e de frutos vermelhos. Estes produtos seriam colocados nos vasos supostamente durante os rituais fúnebres, acompanhando os mortos no momento em que estes eram depositados no interior da câmara funerária. Durante as referidas campanhas de escavação foi também possível compreender as sofisticadas técnicas usadas na construção da Anta.
Estes trabalhos de escavação e de restauro, as datações pelo radiocarbono já realizadas, bem como os estudos complementares que permitiram identificar os conteúdos orgânicos nos vasos cerâmicos foram integralmente financiados pela Câmara Municipal de Castelo de Vide.
A 3ª campanha de escavação – a que está em curso – tem como principais objectivos o restauro do monumento e a delimitação de certos setores que não foram anteriomente intervencionados.
Durante a semana corrente será possível visitas abertas à Comunicação Social.