A Nisa Viva – Associação dos Naturais e Amigos do Município de
Nisa promoveu no passado sábado, no salão da Sociedade Artística Nisense, um
colóquio sob o tema “O 25 de Abril e a Revolução”
Perante uma assistência numerosa e interessada, abriu a sessão o
presidente da Sociedade, José Ferreira, que agradeceu a presença dos
participantes e enalteceu a importância desta iniciativa.
António Montalvo, presidente da Nisa Viva, apresentou os oradores,
o coronel José Maria Belo e o major general Norberto Bernardes, relatando
alguns episódios em que participou enquanto estudante, nomeadamente, as
manifestações contra o envio de tropas para as colónias.
José Maria Belo leu um texto onde, em termos gerais, traçou o
“antes e depois do 25 de Abril, uma “data histórica provocada por um golpe
militar e a que adesão popular conferiu uma expressão revolucionária”.
Lembrou a falta das liberdades fundamentais e de direitos,
principalmente por parte das mulheres e disse que o 25 de Abril tem que ser
lembrado como um dia em que muitos militares corajosos se juntaram para
derrubar um regime ditatorial.
Norberto Bernardes teve uma intervenção mais longa, explicando
as origens do “Movimento dos Capitães” que fizeram o 25 de Abril.
Contou várias histórias do tempo da guerra colonial e do
envolvimento dos operacionais que estavam na Guiné, falou das diversas
tentativas para encontrar uma solução política para o problema colonial,
diligências que nunca tiveram a devida a aceitação por parte do governo
central.
A saída de uma lei que discriminava os oficiais milicianos face
aos oficiais do quadro, acabou por se tornar no detonador e pretexto para
juntar os militares que chegaram à conclusão de que só derrubando o regime se poderia
resolver esse e outros problemas, principalmente o de acabar com a guerra
colonial.
Cumprido esse desígnio, disse, os militares entregaram o poder
aos políticos e regressaram aos quartéis.
Da parte da assistência houve algumas intervenções, todas elas
reconhecendo o papel decisivo dos “Capitães de Abril” e lembrando as
dificuldades do tempo presente, com a troika e a austeridade.
No final ficou uma nota de esperança em tempos melhores e pela
recondução do país ao espírito de Abril, consubstanciado nos célebres três Dês:
Democratizar, Descolonizar e Desenvolver.
Mário Mendes