As eleições autárquicas são, normalmente,
aproveitadas para a apresentação de promessas, muitas delas irrealistas, tendo
em vista seduzir o eleitorado e ganhar a confiança dos eleitores, o seu voto e
a obtenção da tão almejada vitória ou maioria.
Em tempo de “vacas magras”, com
as finanças locais e a administração autárquica a ser alvo, também, de cortes
brutais, a que se junta a perda de autonomia, os candidatos às câmara ou juntas
de freguesia são obrigados a conter-se nas promessas que fazem e a elaborar os
seus programas eleitorais com o máximo realismo possível e a apresentação de
propostas que sejam tanto exequíveis como necessárias.
Ontem, mostrámos, aqui, uma
Nota de Imprensa da Câmara de Janeiro de 2011, na qual se anunciava a instalação
de uma unidade laboratorial na área da bioenergia, em Nisa, ocupando uma área
de 300 metros quadrados
e um investimento elegível de 900 mil euros.
Não sabemos o que “sumiu”
primeiro: se o protocolo de financiamento, o projecto que lhe dava suporte. Tão
pouco sabemos se algum dia, o mesmo Protocolo e a Unidade laboratorial verá a
luz do dia. A Câmara, lesta a informar sobre o “acto de assinatura”, deixou de
dar notícias sobre assunto tão transcendente.
Não se pense, porém, que estas
ideias inovadoras sobre a criação de emprego, são exclusivas da actual maioria
camarária, pesem, embora, a Albergaria do Tejo, as Termas de Nisa e outros grandes
projectos - âncora, anunciados como tábua de salvação.
Adiante e lembremos.
Em 2001, o cabeça de lista do
PS à Câmara “tinha” uma lista de empresários à espera para se instalarem no
concelho, criando não sei quantas dezenas de empregos.
Em 2009, a candidata do PSD,
afinava pelo mesmo diapasão, garantindo, no caso de ganhar a presidência da Câmara,
a instalação de algumas empresas e a criação de postos de trabalho.
Não ponho em causa, a bondade e
a boa-fé dos dois candidatos, que apresentaram em comum, a mesma condição sine
qua non: haveria empresas e emprego se ganhassem a Câmara!
Não ganharam e o concelho “ficou
a ver navios”, em matéria de novos postos de trabalho.
O emprego e o desenvolvimento –
sustentável, como fizeram questão de vincar todos os candidatos – foram, de
resto, os temas mais “batidos” que não debatidos, nas últimas autárquicas. O
concelho, entretanto, continuou a perder população a um ritmo quase alucinante;
a perder serviços e postos de trabalho, a desertificação, tanto nas aldeias
como na própria sede do concelho, intensificou-se.
Nestas eleições e na campanha
eleitoral que lhe antecede espero bem que não haja mais promessas de empresas e
empregos no “caso de”, que soa a falso e cheira a chantagem sobre os eleitores.
A criação de emprego e a atracção
de empresas, são questões demasiado sérias para serem jogadas numa disputa
eleitoral, quando o que se precisa é de uma nova política a nível nacional que
olhe o interior e as pessoas que nele vivem, como parte integrante e de pleno
direito deste país que somos todos, sem o risco ao meio que divide o litoral e
as terras do Demo, os filhos e os enteados.
Mário Mendes
Foto: Rurais alentejano descortiçando o sobreiro