6.7.13

PRAÇA PÚBLICA IV: Vêm aí mais ofertas de Emprego?

As eleições autárquicas são, normalmente, aproveitadas para a apresentação de promessas, muitas delas irrealistas, tendo em vista seduzir o eleitorado e ganhar a confiança dos eleitores, o seu voto e a obtenção da tão almejada vitória ou maioria.
Em tempo de “vacas magras”, com as finanças locais e a administração autárquica a ser alvo, também, de cortes brutais, a que se junta a perda de autonomia, os candidatos às câmara ou juntas de freguesia são obrigados a conter-se nas promessas que fazem e a elaborar os seus programas eleitorais com o máximo realismo possível e a apresentação de propostas que sejam tanto exequíveis como necessárias.
Ontem, mostrámos, aqui, uma Nota de Imprensa da Câmara de Janeiro de 2011, na qual se anunciava a instalação de uma unidade laboratorial na área da bioenergia, em Nisa, ocupando uma área de 300 metros quadrados e um investimento elegível de 900 mil euros.
Não sabemos o que “sumiu” primeiro: se o protocolo de financiamento, o projecto que lhe dava suporte. Tão pouco sabemos se algum dia, o mesmo Protocolo e a Unidade laboratorial verá a luz do dia. A Câmara, lesta a informar sobre o “acto de assinatura”, deixou de dar notícias sobre assunto tão transcendente.
Não se pense, porém, que estas ideias inovadoras sobre a criação de emprego, são exclusivas da actual maioria camarária, pesem, embora, a Albergaria do Tejo, as Termas de Nisa e outros grandes projectos - âncora, anunciados como tábua de salvação.
Adiante e lembremos.
Em 2001, o cabeça de lista do PS à Câmara “tinha” uma lista de empresários à espera para se instalarem no concelho, criando não sei quantas dezenas de empregos.
Em 2009, a candidata do PSD, afinava pelo mesmo diapasão, garantindo, no caso de ganhar a presidência da Câmara, a instalação de algumas empresas e a criação de postos de trabalho.
Não ponho em causa, a bondade e a boa-fé dos dois candidatos, que apresentaram em comum, a mesma condição sine qua non: haveria empresas e emprego se ganhassem a Câmara!
Não ganharam e o concelho “ficou a ver navios”, em matéria de novos postos de trabalho.
O emprego e o desenvolvimento – sustentável, como fizeram questão de vincar todos os candidatos – foram, de resto, os temas mais “batidos” que não debatidos, nas últimas autárquicas. O concelho, entretanto, continuou a perder população a um ritmo quase alucinante; a perder serviços e postos de trabalho, a desertificação, tanto nas aldeias como na própria sede do concelho, intensificou-se.
Nestas eleições e na campanha eleitoral que lhe antecede espero bem que não haja mais promessas de empresas e empregos no “caso de”, que soa a falso e cheira a chantagem sobre os eleitores.
A criação de emprego e a atracção de empresas, são questões demasiado sérias para serem jogadas numa disputa eleitoral, quando o que se precisa é de uma nova política a nível nacional que olhe o interior e as pessoas que nele vivem, como parte integrante e de pleno direito deste país que somos todos, sem o risco ao meio que divide o litoral e as terras do Demo, os filhos e os enteados.
Mário Mendes
 Foto: Rurais alentejano descortiçando o sobreiro