Do filme pouco ou nada
há a dizer. Premiado com os Óscares, “Argo” é um filme vulgar e a sua importância
resume-se ao contexto político em que é exibido (a subida de tom das ameaças e
provocações norte-americanas ao Irão) e à defesa dos valores do tio Sam e da
CIA. Ainda assim e talvez pela novidade, foram muitos os espectadores que afluíram
ao Cine Teatro, numa noite fria e de chuva, a provar que os cinéfilos de Nisa e
arredores são amantes fiéis da exibição cinematográfica, assim haja espectáculos
de qualidade e condições, a preceito.
Estas faltaram no
último domingo, primeiro da nova vida do Cine Teatro. Dificuldades de ordem técnica
e ausência de condições, mínimas, de comodidade e conforto, numa sala fria, sem
aquecimento, puseram os espectadores a “bater o dente” e com os pés
enregelados. Foram, afinal, estes os grandes heróis da sessão nocturna,
aguentando, estoicamente, as temperaturas adversas e que não são admissíveis
numa sala de espectáculos com o nível da do Cine Teatro de Nisa, muito menos,
após o edifício ter estado sem actividade regular durante tantos meses.
A Câmara, responsável
por esta infra-estrutura cultural não pode furtar-se aos seus deveres para com
os munícipes e espectadores. Se há dinheiro para gastos supérfluos e acessórios,
tem de haver, custe o que custar para o essencial, neste caso, para suprir com
urgência, a falta de ar condicionado e outras.
Estão anunciados, já,
novos espectáculos, de teatro e cinema. Nem quero pensar que a Câmara os
programou sem ter em conta a necessidade, premente, de resolver estes problemas
técnicos essenciais e zelar pela segurança e comodidade dos seus munícipes.
Não estamos nos anos 70. A Câmara fez um grande esforço
financeiro, indo ao encontro do desejo dos nisenses. Recuperou a sala de espectáculos
de Nisa, dotando-a de excelentes condições, a todos os níveis e seria um crime
de lesa-cultura deixar deteriorar equipamentos e estruturas com o estafado argumento
da falta de verbas.
Ó povo do meu concelho:
não deixes que “matem”, à nascença, esta terceira vida do Cine Teatro da nossa
terra.
Mário Mendes