Texto de José Leandro Lopes Semedo, a propósito da Homenagem prestada no dia 31 de Maio, a Joaquim Maria da Costa, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Montalvão.
"Boa tarde, Exmo. Senhor Provedor, todas as entidades convidadas e minhas Senhoras e meus senhores!
Estamos hoje aqui todos reunidos nesta jornada e neste convívio fraternal em torno de uma causa sempre nobre que é a solidariedade.
E a solidariedade só faz sentido quanto aplicada no terreno, isto é, quanto deixa de ser teórica e passa a ser um acto concreto, expresso de forma singular através das acções das pessoas na entreajuda no seio de uma comunidade.
E nestes dias que correm, com a constante perda de valores culturais e sociais a que estamos a assistir nesta sociedade globalizada em que o respeito pelo ser humano é mínimo, somos levados a questionar para onde caminhamos e o que pretendemos deixar como legado aos nossos filhos, que conceitos e que tipo de sociedade devemos construir e em que bases devem estar assentes?
Nunca como agora foi tão importante o chamado terceiro sector (ou economia social) como alguns especialistas falam, ou ainda IPSS, apesar de estar á muito tempo contemplada na Constituição da República Portuguesa, como forma de estrutura económica, parece estar agora a ter o merecido reconhecimento de toda a sociedade, perante esta grave crise económico-financeira. E é no aconchego destas instituições de solidariedade social que muitos portugueses encontram o seu verdadeiro “porto de abrigo”. É a elas que muitos recorrem e sentem o verdadeiro sentimento que é a mão amiga da solidariedade.
Mas como todos sabemos continua a ser na velhice que as necessidades mais básicas ficam por cumprir, fruto de um conjunto de situações que levam erradamente a considerar estas pessoas como sendo o elo mais fracos e desvalorizado no seio das famílias e das comunidades, e que por vezes são de tal forma esquecidos pelos familiares mais próximos que ficamos estupefactos perante certas e determinadas situações que são relatadas nos meios de comunicação social. Mas os idosos são apenas as pessoas com mais idade. Portanto, com mágoas de um passado nem sempre luzidio mas com mais vitórias, com mais experiência, com mais doação à família, à comunidade, ao mundo e a Deus. Provavelmente mais do que noutras fases da vida, são eles quem melhor sabe saborear e valorizar a vida. Quando a oportunidade lhes é dada, com espírito e com coração, como eles sabem dar vida à Vida! Até por isso, como eles são preciosos em dinâmicas favorecedoras da vida, como a família. Com a ciência feita na vida e com a serenidade que a idade muitas vezes favorece, ainda têm muito para dar. Certamente de um modo diferente, que não menos importante. Merecem ser ouvidos e são credores de atenção, de respeito e de gratidão. Carecem de seguimento e de acompanhamento. E como dizia o Padre Américo que “pior que não ter onde viver era não ter onde morrer”.
E isto tudo para vos falar da obra que tem vindo a ser construída à alguns anos nesta terra, de uma forma singular e com reconhecido mérito, pela Santa Casa de Misericórdia de Montalvão e na qual destacamos a figura de um homem, que pela sua capacidade superior em organizar, e delinear uma estratégia de planeamento para concretizar a obra final, que é este lar de idosos – reconhecido em todo o distrito de Portalegre, como um modelo a seguir, com a prestação de vários serviços de qualidade, onde se pode destacar o apoio domiciliário de estrema importância que serve mais de uma centena de utentes e é a maior entidade empregadora desta freguesia, desenvolvendo também nesta área um papel de estrema importância na economia local. E esse grande homem chama-se Joaquim Maria da Costa, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Montalvão.
E como representante da população nesta comissão de honra, quero aqui expressar o meu forte reconhecimento, pela sua constante e valorizada obra social em prol dos mais necessitados e dos mais idosos desta freguesia. Sei que o caminho não foi fácil para construir toda esta imensa obra, por isso estamos hoje aqui!
E termino louvando a iniciativa sempre difícil, de em Portugal homenagear uma pessoa ainda em vida, quando o mesmo ainda pode sentir todo este reconhecimento que a população lhe presta. A todos o meu mais sincero bem-haja. Em especial ao Sr. Provedor pela sua coragem e determinação em lutar pelas causas em que acredita.
Montalvão, 31 de Maio de 2011
José Leandro L. Semedo