Jordan Bardella, eurodeputado e, desde 2022, líder da União Nacional (UN) francesa, tem 28 anos de idade, tal como Sebastião Bugalho, cabeça de lista pela AD nestas eleições europeias. Ambos vão cruzar-se nos corredores do Parlamento Europeu. As semelhanças entre os dois ficam-se pela idade e pela sempre discutível boa aparência. A partir daí, divergem em quase tudo. Bardella, ao contrário de Bugalho, não tem estudos universitários e acumula já anos de experiência na eurocracia. Por outro lado, é o candidato a primeiro-ministro da UN nas legislativas antecipadas anunciadas por Macron na noite das europeias.
Bugalho tem uma ambição, tanto na postura como no discurso, desproporcional ao seu sucesso político, cujo percurso ainda mal começou. Nasceu num berço de ouro, o que não é um defeito em si mesmo. Já Bardella é filho de imigrantes italianos e viveu num bairro dos arredores de Paris. O jovem francês é um político que se fez sozinho, longe dos círculos elitistas, ao contrário do que sucedeu com Bugalho, que se aproximou do CDS e depois começou a frequentar eventos dos sociais-democratas. Bardella gosta de tirar selfies com os fãs e tem ar de “rock star”. A sua popularidade excede claramente a da sua líder parlamentar, Marine Le Pen. Há quem já fale do seu nome para o Eliseu.
Apesar das dissemelhanças atuais, alguns dos atributos do jovem francês poderão vir a ser também uma marca de Sebastião Bugalho, inclusive no que diz respeito à ascensão política, caso resolva filiar-se. Nem todos os líderes do PSD têm de vir de Boliqueime ou de Espinho, meios rurais, na aceção que Marcelo Rebelo de Sousa quis dar-lhe quando falou de Luís Montenegro. No caso de Bugalho, não existe qualquer lentidão de raiz oriental. O céu é o limite.
* Pedro Araújo - Jornal de Notícias - 11 junho, 2024
