São tantas as saudades que tenho do meu Pai.
Um ano de saudades e tantos outros virão… um ano em que o meu Pai nos deixou, partiu, partiu na mais longa viagem, na viagem eterna que nos deixou uma grande saudade!
Desde esse dia que vive dentro de mim, juntinho do meu coração.
A minha saudade não tem princípio, não tem meio e jamais terá fim… é uma saudade que veio para ficar e para sempre fazer parte de mim.
São tantas as saudades de ouvir a voz do meu pai. Tenho saudades de o ouvir cantar, rir, ralhar e até resmungar “Oh Ana, o comer não tem sal nenhum!” e as caretas que fazia abanando a cabeça de um lado para o outro. Lá se levantava e ponha sal à sua vontade!
Aí que saudades!
Dava tudo para voltar a ver o seu sorriso, o seu olhar… queria tanto poder abraçá-lo, novamente ao seu lado estar!
Queria parar o tempo, queria voltar atrás, queria trazê-lo de volta para junto de nós.
Tão grande é esta saudade com que tenho de viver, é uma saudade que mata e faz doer.
Choro de saudade a recordar o meu Pai… recordo-o sentado à mesa onde agora o lugar está vazio. Vazio de alegria que era o que o meu Pai transparecia.
Recordo-o a beber o caldo que sobrava da salada de tomate e da açorda e tão bem que lhe sabia, pois até se lambia.
Recordo-o sentado no muro do calvário onde tantas vezes contemplávamos o céu a ver as estrelas. Sempre o fizemos e aí passámos tão bons momentos a recordar ou simplesmente ficávamos em silêncio.
Tenho saudades de o ver sentado à sombra da pinheira que outrora existiu no alto do calvário, essa pinheira que adotou por companhia e à sua sombra se deliciava nas tardes quentes de Verão. Tantas foram as vezes que aí passava o serão.
Era ali no alto do calvário que contemplava o horizonte à sua volta e lá em baixo a pacata e serena aldeia, a nossa linda Amieira.
A saudade aumenta e parte-me o coração em mil pedaços ao lembrar o meu Pai a brincar com o seu Alfa… como era grande o amor e o companheirismo entre eles, como o meu ai gostava do seu fiel amigo, tão fiel que ainda hoje espera por ele.
Olho para trás e tenho saudades, saudades de ter saudade de ir ver o meu Pai, de o ter à minha espera para me ver chegar e abraçar. Mas como esses momentos não vão voltar, vivo na esperança de que um dia nos iremos juntar e novamente juntos vamos ficar. Até lá vou vivendo com saudades do meu Pai!
Tenho saudades da última conversa que tivemos, das suas últimas palavras horas antes de partir… mal sabíamos que nunca mais falaríamos, nunca pensei que se estávamos a despedir… sim, eu despedi-me do meu Pai e o meu Pai despediu-se de mim, sem sabermos que era o fim.
Hoje na minha cabeça ecoam as últimas palavras do meu Pai… “Vá filha, Adeus!”.
Eu despedi-me, desliguei e fiquei a olhar para o telemóvel a pensar naquele “Adeus”.
No dia seguinte nem queria acreditar que o meu Pai nos tinha deixado… partiu e uma grande saudade ficou.
Assim vou vivendo de tristes dias com saudades do meu Pai.
Para o meu querido Pai Manuel Nunes da Conceição, que esteja em Paz e na Luz. Daqui até aí um grande beijinho da sua Ana.
4 de Julho de 2021
Ana Paula Mendes Nunes Da Conceição Horta.