No passado sábado, dia 3 de Julho, foi apresentado no âmbito da Feira do Livro, a obra "Poesia Popular do Concelho de Nisa", um projecto que, de acordo com a Nota Introdutória, "resultou da imperativa necessidade de dar voz através da corporização em texto escrito e impresso, em livro, das diferentes formas poéticas e histórias de vida de pessoas naturais do concelho de Nisa trazendo à "luz do dia" os seus recôndidos escritos que, através desta obra irão perdurar para a posteridade."
Não de trata de "uma antologia de poesia popular, nem tão pouco erudita", adianta a referida Nota, deixando o leitor na dúvida sobre o título escolhido para o livro.
Pela sua leitura e conhecendo, minimamente, o universo poético dos autores do concelho, a que o "Jornal de Nisa", em formato papel ou digital deu particular atenção e divulgação, chega-se facilmente à conclusão de que o "projecto" de livro, não respeita, sequer, os princípios a que se propôs e garbosamente anuncia, entre eles, o de, conforme escreve a edil, "dignificar as mulheres e homens que vão construindo o nosso património imaterial, letra a letra, palavra a palavra... " .
Não respeita a própria ideia de "estrutura da obra", nomeadamente, o facto de publicar uns e DISCRIMINAR outros autores naturais do concelho, "vivinhos da silva", alguns com obras publicadas e reconhecidas. O critério fundamental do aparatchik cultural da "roseira brava" e da sua sacerdotisa, foi o da publicação de textos dos "poetas do regime", com uma ou outra honrosa excepção, alguns de qualidade mais do que duvidosa.
Poesias como as de José Hilário, Joaquim Maurício, José Mendes, Carlos Lucas Silva, Nazaré Valente e de outros que à memória não ocorrem, não "couberam" no livro e nos conceitos "poéticos e identitários" da presidente da Câmara de Nisa. Não são, para a edil amieirense, "pessoas de bem", munícipes de corpo e alma, com produção cultural, poética, eleitos, habitantes e contribuintes deste concelho. Pensam e agem pela sua própria cabeça e isso não agrada aos novos ditadores instalados na Praça do Pelourinho. Não abandonaram o território, como faz a edil, todos os dias e por isso o lápis cor de rosa da Censura e Discriminação rasurou os seus nomes.
Abundam, em contrapartida, os escritos "pimba", a louvaminha à edil, à "rainha" como alguns se lhe referem, em dose tripla, a "poesia" dos amigos do poder idalinista.
É um vergonhoso acto de Censura e Discriminação exercido sobre Cidadãos do Concelho, mais um, diria, a juntar a tantos outros praticados neste período de oito anos, em que à luz da propaganda intensiva e goebelliana, se instaurou um regime de poder local que já pouco ou nada tem de democrático, mas tem muito de manipulação e prepotência.
.. E assim se faz Portugal: uns vão bem (muito bem) e outros mal!
Mário Mendes
7.7.21
NISA: A poesia popular ou mais um acto inqualificável de Censura e Discriminação?
- Diz a edil em tom triunfante
Sentada no carro, espampanante
A caminho da cidade-dormitório.
Um gesto "natural" de político finório
Usar diariamente o carro municipal
Pago por todos os munícipes, em geral
Mas sem dele tirarem proveito notório.
E lá vai ela no seu/nosso carrinho
Arrogante e em postura altaneira
Careca ao vento e fronha bonacheira
No banco de trás leva o Zézinho.
"Yes men!", diz ele a torto e a direito
Estou aqui pelo desenvolvimento
O Sever só teve reconhecimento
Quando eu nasci, sã e escorreito.
Nem as águas corriam no leito
Deste rio transfronteiriço
Os planos da ponte levaram sumiço
E do dinheiro não se sabe o que foi feito.
Ah! Mas agora tudo será diferente
Comigo em vereador municipal
A cultura não será um bem essencial
Nem haverá poesia p´ra toda a gente.
Quem quiser rima bem sucedida
Terá de acertá-la ao nosso jeito
Não está no seu legítimo direito
Fazê-la como "fato à medida"
Pois aqui só damos guarida
A quem ao poder está sujeito.