Consulta Pública até dia 29 de
Janeiro
A gestão equilibrada de uma bacia
hidrográfica seja ela de um rio, como o Tejo, ou até de uma linha de água como
a Ribeira de Nisa, é de extrema importância para as populações residentes. Gera
riqueza, prosperidade, fixa pessoas. Foi assim que surgiram lugares e regiões. Assim
aconteceu com o projecto sustentável da construção das mini hídricas da Ribeira
de Nisa, cujo mentor foi José Custódio Nunes.
Em 1925 surge a empresa
Hidroeléctrica do Alto Alentejo, a Barragem da Póvoa e Meadas inaugura-se em
1928, em 1932 a Barragem do Poio, Central da Bruceira em 1934, Central da
Velada em 1953 e por fim a Central da Foz em 1939, já quase no rio Tejo.
Em 2009, a Barragem da Póvoa e
Meadas retorna ao estado, depois de 75 anos de concessão, sem quaisquer obras
de reabilitação e requalificação da estrutura e
do espaço envolvente, conforme o contrato estabelecia.
Por esta altura começa também a
exploração do sistema multimunicipal das Águas do Norte Alentejano (AdNA), para
consumo humano, fonte principal de abastecimento de oito concelhos do distrito
de Portalegre. Por esta altura, não enche, devido ás fissuras e a outros
problemas técnicos. Há uns anos, sem que aparentemente tenha sido objecto de
algum tipo de intervenção voltou a atingir a cota máxima.
Desde de 2013, que o Festival Andanças, usufrui do espaço, do que
outrora foram instalações diversas, do antigo jardim das hortenses, da casa
comunitária com barbecue, e que tinha electricidade gratuita, das mesas para
piquenique. Era a Barragem da Povoa e Meadas,
a “nossa praia”.
Perde Nisa, perde o rio Tejo já
tão mal tratado. A ribeira chega mesmo a secar durante a primavera/verão junto
a foz impedindo a reprodução de peixe como bogas , bastava uma torneira a
correr! Já foram á Bruceira e ao Poio durante o Verão, parece um prolongamento
da ETAR de Nisa!
Mas eis nova ameaça, ZIF (Zona de
Intervenção Florestal) Ribeira de Nisa, em consulta pública até ao dia 29 de
Janeiro, norte do concelho de Nisa, cerca 12.500 ha , abrange as
freguesias de: União de Freguesias de Espirito Santo, Srª da Graça e S. Simão,
Freguesia de S. Matias e Freguesia de Santana, lugar onde foram realizadas as
assembleias da constituição da ZIF. Até aqui tudo bem, bom palavreado nos
objectivos, sustentabilidade, ordenamento, redução dos incêndios, controle das
espécies invasoras, protecção das espécies autóctones, etc. Há nomes duplicados
na lista de aderentes. Quando lemos, percebemos nitidamente, nas assinaturas do
núcleo fundador, lá estão as chancelas The Navigator Company, Navigator
Forest Portugal SA.
Palavras para quê? Está tudo
dito! Despovoamento, Tejo sem peixe, queijo de Nisa vem de Monforte, a Central
de Almaraz na iminência de rebentar, vamos mas é tod@s para Lisboa?
Já pedimos aconselhamento junto
de alguns deputados da Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território,
Descentralização, Poder Local e Habitação. Encetamos contactos com associações
de ambiente, técnicos destas temáticas para que nos ajudem a preparar um plano
de acção.
Mas é muito difícil, é preciso o
envolvimento das populações, não podemos continuar assistir de bancada ou a
criticar que são todos iguais, isto é o que as multinacionais querem, resgatar
os nossos recursos, sugarmos até ao tutano.
José Maria Moura - 26/1/2017