Já não era sem tempo, como costuma dizer-se. Os problemas (gravíssimos) que têm ocorrido na Central Nuclear de Almaraz, que há muito devia ter fechado, a que se veio juntar a anunciada construção de um armazém para depósito de resíduos nucleares por parte do governo espanhol, sem consulta ao país vizinho e às instituições europeias, é um dos pontos, o último, por sinal, da Ordem de Trabalhos da 1ª reunião de Fevereiro da Câmara de Nisa.
Em ano de eleições autárquicas, faz bem a maioria (relativa) socialista, pronunciar-se sobre esta questão, mesmo que o ponto da agenda tenha sido proposto pela CDU.
Em Lisboa, num município onde o número de eleitos municipais na Assembleia é, substancialmente, maior e diverso, foi possível obter o consenso generalizado de todos os deputados municipais na condenação das intenções espanholas, tanto sobre a construção do aterro nuclear, como sobre o funcionamento da central, situada a 100 quilómetros da fronteira portuguesa. Nisa está muito mais perto de Almaraz do que Lisboa. Temos, aqui, outros problemas, não menos graves e relacionados com as minas de urânio, os escombros a céu aberto e os níveis de radiação, sobre quais não se conhece uma única ideia, palavra ou discurso, dos eleitos socialistas.
Seria bom, mesmo sendo o décimo quarto ponto da Ordem de Trabalhos, que a ocasião pudesse ser aproveitada para todos os eleitos dizerem, de forma clara e inequívoca, o que pensam sobre estes assuntos. Como diz o povo: vale mais prevenir do que remediar! E, nesta matéria, ninguém tem feito algo para tranquilizar as populações que os elegeram.
Mário Mendes