As hérnias da parede
abdominal apresentam elevada prevalência na população. As mais comuns, cerca de
90 por cento, são hérnias inguinais. Estas representam, a nível mundial, o
procedimento cirúrgico mais realizado na área de cirurgia geral.
A hérnia inguinal
ocorre quando os tecidos do interior do abdómen se exteriorizam por um ponto de
fraqueza da parede muscular abdominal na região inguinal, surgindo sobre a
forma de uma tumefação na região da virilha.
Na maioria dos casos
os sinais ou sintomas de hérnia inguinal consistem numa tumefação ou
abaulamento da parede abdominal, que se torna mais visível quando se tosse ou
realizam múltiplos esforços, podendo estar ou não associada a presença de dor
local. Esta tumefação tende a crescer gradualmente e poderá vir a sofrer
complicações – hérnia encarcerada ou hérnia estrangulada. No entanto, em alguns
casos de hérnia inguinal não existem sintomas ou sinais, sendo o seu
diagnóstico realizado em consultas ou exames de rotina.
O diagnóstico da
hérnia inguinal pode-se realizar pela avaliação clínica e exame físico da
parede abdominal e, nos casos duvidosos, o médico pode solicitar uma ecografia
ou outros exames para confirmar o diagnóstico.
A opção cirúrgica é
a única eficaz para o tratamento da hérnia inguinal. Existem várias técnicas
cirúrgicas que foram desenvolvidas nas 2 últimas décadas, passando todas elas
pela colocação de uma prótese (malha) de
reforço da parede abdominal.
O tratamento
cirúrgico desta patologia pode ser feito na quase totalidade dos casos em
regime de ambulatório, sendo uma opção que garante elevados níveis de qualidade
e segurança.
A abordagem
laparoscópica apresenta numerosas vantagens comparativamente às técnicas
clássicas, como, por exemplo, redução da dor no pós-operatório, melhores
resultados cosméticos, melhor recuperação para as atividades diárias e laborais
(o paciente demora, em média, 4 dias a retomar o seu quotidiano e 10 dias a
retomar a sua vida laboral) e maior efetividade de custos.
Esta abordagem,
utilizada desde os anos 90, é considerada como a primeira escolha em muitos
centros de referência e é uma opção recomendada pela Sociedade Europeia da
Hérnia, principalmente nas hérnias inguinais bilaterais, nas hérnias
recidivadas e no tratamento de indivíduos jovens ou desportistas.
Apesar de nas
últimas décadas terem sido descritas várias técnicas e desenvolvidos vários
materiais, para o tratamento da hérnia inguinal, ainda nenhuma delas se
conseguiu sobrepor.
A cirurgia em regime
de ambulatório tem tido, nos últimos anos, em Portugal, um desenvolvimento
positivo, sendo que o principal fator de sucesso e desenvolvimento tem sido a
sua característica multidisciplinar, envolvendo diferentes grupos
profissionais, assim como a garantia de segurança e de elevados índices de
qualidade no tratamento dos nossos doentes.
A Associação Portuguesa de Cirurgia
Ambulatória (APCA) tem como principal objetivo defender, promover e
protagonizar o processo de evolução da cirurgia de ambulatório em Portugal. Para mais
informação sobre a APCA, consulte: http://www.apca.com.pt/.
*Artigo de Opinião
de Dr. Carlos Magalhães, Cirurgião Geral e Presidente da Associação Portuguesa
de Cirurgia Ambulatório (APCA).