A Inerte zona industrial
À medida do que constitui “moda”, talvez há uma boa década
decorrida, era quase comum constatar que as sedes de concelho almejando o
apanhar do comboio dos novos adventos políticos da influência
desenvolvimentista CEE, se deram por si a correr na criação de espaços
destinados à materialização de um velho sonho regional: a indústria.
Daí que também Nisa não se fizesse rogada, ela,
tradicionalmente lavradora e campesina, a preencher tão precioso requisito que
lhe fora, aliás, sistematicamente negado pelas Câmara de “in illo tempore”. E
agora cá temos, cá (a) temos, uma muito nossa zona industrial.
De maneira que, parece, não obstante o tempo decorrido (o
tempo é oiro!) que temos zona e um bom número de investidores potenciais que a
adquiriram... na totalidade.
Mas... e os investimentos? Mesmo à lupa, parece que não se
lobrigam em mexida de concretização, ou mesmo começo.
Positivamente, o NN admite que, na Câmara deve haver uma mão
cheia, pelo menos, de válidos projectos dos futuros industriais, capazes de
gerar produção e de criar por lógica novos postos de trabalho, porquanto, o NN
não se esquece, o Desemprego também grassa por esta terra, mormente a nível da
nossa juventude. E também sabemos que poderão existir eventuais propostas de empreendedores
externos que estarão possivelmente interessados na área de Nisa, se se lhes
depararem condições de razoável viabilização instaladora e operacional.
Porém, se a zona já está saturada (ocupada) e não anda nem
desanda, o que poderá fazer-se? Aí, a Câmara é que o sabe ou deve saber.
No entanto, a circunstância faz-nos recordar uma das
satíricas e mordazes quadras do nosso popular e célebre poeta repentista Manuel
Sentenças, de quem alguns ainda se poderão lembrar:
Arde o verde pelo seco
Paga o justo pelo pecador
Por causa de um reles enredo (1)
Fica Nisa sem Valor!
(1) – Na altura de uma crítica à CMN, no final dos anos 20,
o poeta era mais incisivo porque atacava um indivíduo que era galego e tinha
grande poder camarário. Assim, na versão original é galego e não enredo. O
enredo é nosso...
As premissas do artigo, vinte anos depois, não se cumpriram. A Zona de Actividades Económicas de Nisa continua a ser a Inerte Zona Industrial. Tal como em Outubro de 1995!