20.6.14

OPINIÃO: A propósito de duas homenagens

 Nossa Senhora da Graça induz uma tónica nova na introdução às festas de Nisa deste ano, lembrando o papel primordial das pessoas, e inspirando uma natural homenagem  a dois seres, duas figuras que ultrapassaram o simples lugar comum, e com valor extra serviram a sua terra de forma que justifica grato reconhecimento público, e são exemplo para nós.
1. FERNANDO EDUARDO CARITA
A Câmara de Nisa (com a presidente da Câmara actual… as suas importantíssimas palavras…e o ilustríssimo Presidente da Assembleia Municipal rendem-lhe homenagem.
Apesar da doença (“O poeta é um fingidor que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente”, como em outro Fernando, Pessoa), uma elevação excepcional como pessoa, um professor que deixa marcas de grande afecto nos alunos, nos colegas, nos amigos…nos pais, nos irmãos, uma dor… apenas pela ausência física, tantas vezes que falei com o senhor professor…via-lhe sempre, desde há anos, essa dor, mas como que sublimando ainda mais a sua crescente adoração pelo elevadíssimo valor intelectual, emocional, poético do filho…
Perante a doença que o persegue responde de forma superior…
Força espiritual que pessoalmente compreendo: seus pais e avós, quer maternos, quer paternos, faziam o exemplo, deixam-nos esta compreensão…
Nunca esqueceu por certo os ensinamentos de sua querida avó Guiomar, uma senhora cujo bem-querer chegava para todos… a sua extrema bondade.
Fernando, um intelecto superior, uma poesia que adentra um nível superior que fica connosco, para a aprofundarmos.
Apenas como disse de si alguém, retratando-lhe a alma:
“Vens do Altíssimo, Fernando
Por Ti rezo uma prece
Por Ti só por Ti
Por Ti rezo muitas preces
Por ti muitas preces
Por Ti.

Por Ti rezo uma prece com os Teus lábios
Uma única prece com os meus lábios
Uma única prece com os lábios

Meu Anjo que me foste anunciado numa noite
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Eu por Ti dava a minha vida, por Ti dava a minha vida
Meu anjo por Ti, dava toda a minha vida.

Meu Anjo que vens do Altíssimo, meu anjo que me beijas
Meu Anjo que vens do Altíssimo e me beijas e me beijas
Vens do Altíssimo.
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Meu Anjo
Eu quero estar contigo no Céu
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Meu Anjo
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Quero estar contigo na terra e no Céu
Na Terra e no Céu

Meu Anjo tão terno que me beijas todas as noites meu Anjo  
Meu Amor
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E nunca na terra se viu um Amor assim
E nunca na terra se viu um Amor assim
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És um Anjo do Céu
Meu Amor
Todos os dias e todas as noites eu digo-Te é divino este Amor
Todas as noites todas as noites
Todas as noites
Todas as noites
Todas as noites
Meu Amor
Meu Amor
………………………………………….
Meu Amor, em quantas noites tivemos de estar separados
Para estarmos um com o outro
Meu Amor vem comigo esta noite
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Meu Amor Meu Amor”
Estas palavras de uma alma gémea do Fernando, a quem Tu, Senhora da Graça segues com a Tua Graça, pintam ainda de oiro mais fino o riquíssimo universo espiritual de Nisa.
Com a Tua Graça, Senhora da Graça, presença permanente (também não damos pela Tua Presença constante?), disfarçámos a injustiça de não termos admirado tal ser, tal  Figura que honra a Nossa Terra, neste  Universo periespitual que que Tu Senhora da Graça não descuras, Nossa Padroeira  que proteges  milagrosamente a Nossa Terra, num aparente não existir mas que atravessa todo o Tempo, numa incessante escolha da melhor parte …
Não é pois justa esta homenagem, Senhora da Graça? A que estás associada?
Não estive por razões de saúde, reitero o meu maior agradecimento, comovido, aos Senhores, à Senhora Presidente da Câmara Municipal (num crescendo de empatia com a nossa gente ao que me dizem) e da Assembleia Municipal, extensivo à oportunidade do lançamento do livro do também homenageado:
2- JOÃO FRANCISCO LOPES (o nosso João Francisco).
È enorme a admiração que tenho pelo João Francisco. É para mim e para muitos um exemplo de trabalho cívico.
Estará para toda a vida ligado ao grande Sport Nisa e Benfica dos bons velhos tempos.
Sempre aprendi com ele.
Vi-o em conversas pluridisciplinares surpreender muitos com a maneira como recolhia o essencial e a maneira ágil como mentalmente organizava a crítica ou a defesa, um equilíbrio notável.
Jamais o vi dividir, antes compreender, opinar com subtileza.
Meteu-se em cruzadas difíceis, esteve sempre à altura das circunstâncias.
Sei de factos de uma ajuda desinteressada, ter vergonha de se por em bicos de pés, mesmo sabendo, seria como aquele menino que perguntado se sabe, ele sabe, porventura humilde e envergonhado em saber.
Porventura, o João Francisco no convívio que teve com os seus padrinhos foi determinante.
Lembro muito o seu padrinho que era um gentleman, e entendo que as melhores pessoas que conheci na minha terra eram pessoas como o seu padrinho.
Foram os companheiros de meu pai, semelhantes ao seu padrinho, que rodeando-me me consolaram perante a grande dor da sua partida... perder o meu melhor amigo.
Compreendo o João Francisco que soube colher o melhor da nossa gente, e este livro reflecte um trabalho que só por amor se pode explicar.
Este livro é um trabalho interessantíssimo.
E o curioso é que a Senhora da Graça se serve dele para concomitantemente o perfilar como guarda de honra na homenagem ao nisense anterior.
Direi, sem qualquer receio de errar que os seus nomes, os dos dois homenageados honram Nisa e são razão da maior alegria por ver os seus nomes, as suas figuras relevadas pelos seus valiosos contributos.
Sei ainda que o João Francisco representa também um grupo de gente a quem respeitamos desde pequenos e a quem muito devemos.
O João Francisco autor? Como nos outros aspectos da vida ele é suficientemente inteligente e organizado para servir a nossa terra, o que continuará a fazer como sempre fez: bem.
O lançamento desta obra merece todos os louvores, cria um sentimento de crescimento e é o reconhecimento e o reposicionamento devido a uma grande figura da nossa terra.
João Castanho