O José Raquel já foi um ciclista de fama, nos tempos áureos
da sua juventude, quando a modalidade desportiva era acarinhada pela população
e desfrutava de grande popularidade. Na região havia grandes corridas de
bicicletas, com afamados despiques entre os corredores de Nisa, Alpalhão e Gáfete,
numa altura em que os “pedalistas” das mesmas nem sequer ousavam sonhar com uma
motorizada, quanto mais com um automóvel.
O Zé Raquel, homem de sete ofícios, tomou o caminho de
tantos compatriotas e conterrâneos. Emigrou e foi-se até terras de França. Continuou
fiel à sua bicicleta, meio de transporte que utilizava nas deslocações para o
local de trabalho. Por França fez grande parte da sua vida, conquistou o
direito a uma reforma digna e, logo que pôde, regressou à sua terra natal onde,
como tantos conterrâneos, construiu a sua maison, na Devesa de Traz. Foi ali
que o encontrámos, sorridente, debaixo de frondosa laranjeira e contemplando o
movimento da feira.
Uma mudança de local que lhe agrada, por “trazer mais vida
ao largo e à vila”, ele que viveu a sua infância e juventude na “Nisa velhinha,
com tanta gentinha vivendo nela”.