15.12.12

OPINIÃO: O nome das coisas e as coisas sem nome


Anda por aí uma polémica dos demónios, a propósito de um nome ou da falta dele para o Centro Cultural de Alpalhão.
A proponente ou mentora, especialista em tácticas de guerrilha ideológica, quis começar a casa pelo telhado e deu à luz um processo, construído de cima para baixo, à imagem de um qualquer ditadorzeco, como tem sido, aliás, a marca da sua medíocre governação municipal.
O Centro Cultural e Lazer, infra-estrutura construída para apoio à Escola EB1 /Jardim de Infância de Alpalhão, está pronto há muito tempo e não se percebe este súbito interesse e urgência na sua inauguração e ainda mais, no seu “baptismo”.
A Biblioteca Municipal de Nisa, que no início se chamou Biblioteca Municipal /Casa da Cultura, demorou quase 20 anos a ter como patrono, o nome do seu principal obreiro: Dr. Motta e Moura.
O Centro Cultural de Monte Claro, recuperado, tal como a Biblioteca, da antiga escola, não tem outra designação. O mesmo acontece com o Cine Teatro de Nisa, a sede social do Clube Desportivo e Recreativo de Santana (curiosamente, também chamado de Centro Cultural, na sua inauguração) e outros imóveis de apoio à cultura, desporto e lazer, existentes no concelho.
A questão é, para mim, muito simples: queriam um “nome” para a coisa? Bastava terem perguntado, de início, ao povo de Alpalhão e que cada um dissesse de sua justiça.
Respeitava-se regra de ouro da democracia, a de ouvir a opinião dos principais interessados e acabava-se a polémica.
Fez-se o contrário e a lição que se tira deste triste episódio, é a do oportunismo saloio por parte de quem devia preservar a memória das gentes e dos lugares.
Um facto, tanto ou mais estranho quando, alguns bairros, loteamentos e urbanizações do concelho, em especial na vila de Nisa, esperam há longos anos, por essa “coisa” tão corriqueira e simples que é terem direito a um nome, ao número de polícia e a todos os serviços públicos afins, a que como munícipes e contribuintes têm direito: a distribuição domiciliária de correio, a recolha de lixo, a identificação clara das suas habitações e a resolução de muitos problemas burocráticos que essa grave anomalia lhes provoca.
Onde param, por exemplo, os nomes das ruas das urbanizações da Laje do Marco, Vale Nabeiro, Vale d´ Ordens, Cevadeira, Amoreiras, Tapada do Barreiro (Forca/Fonte Nova) e outras?
Estarão os moradores das três primeiras urbanizações, isentos do pagamento das taxas de saneamento e resíduos, dado que não têm direito à recolha de lixo?
Por que é que a Câmara não resolve, de vez, estes problemas, que afectam famílias e cidadãos, com mesma a urgência e acutilância que parece dedicar ao “caso” de Alpalhão?
Por que teima a Câmara em promover “jogos florais e políticos”, em vésperas de eleições, em vez de pautar a sua acção pela resolução dos problemas e situações prementes do Município?
Mário Mendes
EsclarecimentoPara além presidente da Junta de Freguesia de Alpalhão e de eleito na Assembleia Municipal, José Maria Pinheiro Moura foi vereador na Câmara Municipal de Nisa.
O comunicado da senhora Tsukamoto, com o logo da CDU, apaga, deliberadamente ou por falta de memória, este facto.
Será preciso dizer mais?