22.6.12

CRÓNICAS NIZORRAS (2): Estradas, Camiões e Comboios

1. O nosso artigo anterior apontava para, desta vez, analisarmos, o problema ( no desenvolvimento da região) da valorização do «tecido humano» e, em particular, os designados «quadros», isto é, aqueles que, aos vários níveis, desenvolvem funções de direção, nomeadamente em organismos do estado (local e central).
Para honrar a condição em que o diretor nos coloca, apresentando o opinador como «médico termalista», ao lermos a última newsletter ( bem comprida ) da «Turismo do Alentejo », sem uma linha sobre promoção termal, em junho, quando se gastaram na região, no setor, seguramente qualquer coisa que se aproxima dos 50 milhões de euros, a vontade foi denunciar este escândalo (por omissão ...). Bem, mas não perde pela demora, face à gravidade da situação...
2.Vamos falar, conforme o título, dos camiões (tantos,demais) que circulam nas nossas estradas em consequência de anos e anos de desvalorização do comboio como meio de transporte mais adequado para as mercadorias. Muitas das nossas vias férreas, também e especialmente aqui na região, estão pior do que há cinquenta anos atrás ...
O investimento realizado no aproveitamento dos fundos europeus teve forte desiquilíbrio entre construção e beneficiação de estradas e ferrovias. Por opção política e pressão de vários tipos de «lobys» foi assim. Ninguém pode, de forma séria, negar a significativa melhoria das nossas estradas nos últimos quase 30 anos. Só foi pena o dinheiro utilizado não ter dado (também) a devida atenção aos comboios.
3.Efetivamente, nos países mais desenvolvidos da união europeia, o comboio assume papel primordial no transporte de passageiros (servindo comodidade e velocidade atrativas ) e mercadorias. Além das vantagens económicas e (mais importante) ambientais, uma aposta séria na ferrovia tirava essa avalanche de camiões que encharcam as nossas estradas e levam, pelas dificuldades de circulação que provocam, muitos atores locais a, apressada e ( a nosso ver ) erradamente, aspirarem e mesmo reclamarem mais e mais auto-estradas, mesmo onde o tráfego automóvel é bastante reduzido.
4. O fundamental é garantir, com linhas modernizadas, ligação em tempo razoável entre as capitais de distrito do Alentejo e, subregionalmente, entre as outras localidades economicamente mais importantes. Importa ainda garantir ligação articulada entre as estações de comboio e as povoações mais próximas, por carreiras públicas acessíveis aos cidadãos. Não se pode descurar também ligação (ões ) de comboio em condições (de velocidade e conforto) para serem alternativa aos «expressos» nas viagens para Lisboa.
Sem descurar, nos termos e oportunidade adequados para a luta a travar ser vitoriosa, a retoma do que deve ser bandeira alentejana a não deixar cair em meia-haste - a construção do TGV e espaço de apoio logistico que, muitos kms em redor de Elvas / Caia / Badajoz, seguramente irá gerar reordenamento urbanístico, fixar população, proporcionar emprego...
JMBasso