Barro vermelho de Abril
Barro incerto do presente
Vai moldar-te a mão do povo
Vai dar-te forma diferente
P´ra que sejas barro novo!
A Olaria Alentejana
É de todas a mais bela,
Da mais trabalhada à mais singela
Vai ao palácio e à cabana
É conhecida a tua fama
Dos oleiros és expoente
És tudo o que o povo sente;
Tu és graça e solidez
És símbolo bem português
Barro incerto do presente
O trabalhador rural
Que anda com o corpo aos tombos
Cozinha em panela de Redondo
De norte a sul de Portugal,
Na aldeia ou na capital,
Tanto o velho como o novo
Cozinha no mesmo fogo
Barro de diversas cores,
Peças rústicas ou com flores
Vai moldar-te a mão do povo.
Tanta arte o oleiro pôs
Em obras de grande valor
Feitas com gosto e amor,
Tais como os bonecos de Estremoz
Trabalhos que o artista compôs
De maneira inteligente,
Tal como os vê e os sente
Abril amassou a revolução,
Que te alegra o coração
Vai dar-te forma diferente.
Barro com o suor do rosto amassado
Trabalho e canseiras mil
És mais vermelho em Abril,
Oleiro o teu filho fardado
Fizeste o barro molhado,
Pois foi esse homem do povo
Herói que admiro e louvo
Foi ele que afastou o perigo
Foi esse soldado amigo
P´ra que sejas barro novo!
José António Banha
- Décimas do I Encontro Regional de Olaria do Alto Alentejo
- Vila Viçosa: 4 a 15 de Junho de 1981