Para sê si barranquenhuh há que tê-se rêpichucim, mas se estiver
catrapiado o ZAP traduz. Para se ser barranquenho, é preciso ter garra,
traduzimos para que não esteja confuso.
O barranquenho é um dialeto que quer deixar de o ser. Na vila de
Barrancos, distrito de Beja, ainda reina uma língua bem antiga, nascida ainda
antes do século XV devido à imigração espanhola no local.
A partir de julho deste ano, como noticiava o Diário do Alentejo, o
barranquenho, até agora apenas uma língua falada, passou a ter também um acervo
escrito. E está mesmo em curso uma tradução do clássico francês “O
Principezinho”, que já tem edição na segunda língua oficial portuguesa, o
mirandês (“L Princepico”).
A vereadora de Barrancos com o pelouro da Cultura, Cláudia Costa, diz
ser importante “eternizar uma língua falada, sem qualquer registo
escrito,enraizada na história e vivência atual de um povo, e é elemento fulcral
da sua identidade“.
De facto, o barranquenho é falado por cerca de 3000 pessoas. Uma
criança de Barrancos explicava numa reportagem da RTP Ensina que o português
era a língua oficial que estudava na escola, mas “prefere o barranquenho”,
língua falada em casa e em qualquer estabelecimento da vila.
O edil João Nunes explicou ao Sul Informação que qualquer pessoa em
Barrancos tem a particularidade de falar 3 idiomas: “Barrancos tem esta
especificidade de ter uma população trilingue, que fala naturalmente espanhol
com os espanhóis, português com os portugueses e, entre si, barranquenho“.
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Carolina Bastos Pereira - 19 Setembro, 2025