20.9.25

Barranquenho: a língua histórica alentejana que quer ser oficial (e terá tradução do Principezinho)


Pertence ao grupo de idiomas em vias de extinção, mas agora tem registos escritos, quer ser a terceira língua oficial em Portugal e é um “elemento fulcral” de Barrancos.

Para sê si barranquenhuh há que tê-se rêpichucim, mas se estiver catrapiado o ZAP traduz. Para se ser barranquenho, é preciso ter garra, traduzimos para que não esteja confuso.

O barranquenho é um dialeto que quer deixar de o ser. Na vila de Barrancos, distrito de Beja, ainda reina uma língua bem antiga, nascida ainda antes do século XV devido à imigração espanhola no local.

A partir de julho deste ano, como noticiava o Diário do Alentejo, o barranquenho, até agora apenas uma língua falada, passou a ter também um acervo escrito. E está mesmo em curso uma tradução do clássico francês “O Principezinho”, que já tem edição na segunda língua oficial portuguesa, o mirandês (“L Princepico”).

A vereadora de Barrancos com o pelouro da Cultura, Cláudia Costa, diz ser importante “eternizar uma língua falada, sem qualquer registo escrito,enraizada na história e vivência atual de um povo, e é elemento fulcral da sua identidade“.

De facto, o barranquenho é falado por cerca de 3000 pessoas. Uma criança de Barrancos explicava numa reportagem da RTP Ensina que o português era a língua oficial que estudava na escola, mas “prefere o barranquenho”, língua falada em casa e em qualquer estabelecimento da vila.

O edil João Nunes explicou ao Sul Informação que qualquer pessoa em Barrancos tem a particularidade de falar 3 idiomas: “Barrancos tem esta especificidade de ter uma população trilingue, que fala naturalmente espanhol com os espanhóis, português com os portugueses e, entre si, barranquenho“.

·         Carolina Bastos Pereira -  19 Setembro, 2025