6.12.24
Esquerda e PAN aprovam voto de pesar pela morte do antifascista Camilo Mortágua
O voto de pesar - que foi lido pela deputada do BE e filha Joana Mortágua, com um cravo na lapela - foi aprovado com a abstenção do PSD e da IL e voto contra do Chega e do CDS.
PS, BE, PCP, Livre e a deputada única do PAN aprovaram esta quinta-feira um voto de pesar pela morte do antifascista Camilo Mortágua, lembrando que “lutou sempre pela liberdade e pela justiça” e enaltecendo o seu papel contra a ditadura salazarista.
O voto de pesar – que foi lido pela deputada do BE e filha do antigo dirigente antifascista Joana Mortágua, com um cravo na lapela – foi aprovado com a abstenção do PSD e da Iniciativa Liberal e o voto contra do Chega e do CDS-PP.
No final da votação, os deputados da esquerda parlamentar e a deputada única do PAN levantaram-se e bateram palmas e foram acompanhados pelos familiares e amigos que estavam presentes nas galerias do hemiciclo.
O texto foi apresentado pela bancada do BE — que inclui as duas filhas, Mariana e Joana Mortágua -, pelos deputados do Livre e por vários parlamentares do PS, entre eles, o secretário-geral, Pedro Nuno Santos, e a líder parlamentar, Alexandra Leitão.
Na iniciativa, é recordado que Camilo Mortágua morreu no passado dia 1 de novembro, aos 90 anos, em Alvito, “terra onde escolheu viver”.
“Antifascista militante, foi protagonista de vários episódios de resistência à ditadura do Estado Novo e foi condecorado por esse percurso como Grande Oficial da Ordem da Liberdade pelo Presidente da República Jorge Sampaio”, é lembrado.
Nascido em Oliveira de Azeméis, Camilo Mortágua emigrou para a Venezuela em 1951 e com “17 anos e a quarta classe, começou por ser padeiro, e aí iniciou a sua militância contra o fascismo”.
A iniciativa refere ainda que Camilo Mortágua “fez parte da Direção Revolucionária Ibérica de Libertação”, em 1961 “participou no assalto ao paquete Santa Maria, sob o comando do capitão Henrique Galvão, e, com Palma Inácio, no desvio de um avião da TAP para lançar sobre Lisboa 100.000 panfletos contra o regime salazarista”.
“Em 1967 participou no assalto à filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz, com o objetivo de financiar a atividade antifascista, e esteve na fundação da Liga de Unidade e Ação Revolucionária (LUAR). Apesar de perseguido, nunca foi apanhado pela PIDE”, lê-se no texto.
in www.observador.pt
Foto: Nuno Veiga (Lusa)