21.2.13

Ambientalistas contestam classificação de falha na central nuclear de Almaraz


O Conselho de Segurança Nuclear espanhol considerou como nível 0 de risco avaria momentânea em pressurizador. Há mais de duas dezenas de casos semelhantes por ano.
Ambientalistas espanhóis estão a contestar que uma falha técnica na central nuclear de Almaraz, a 150 quilómetros da fronteira com Portugal, no final da semana passada, tenha sido classificada como um evento sem qualquer significado em termos de segurança.
O evento ocorreu na sexta-feira, segundo uma nota divulgada pelo Conselho de Segurança Nuclear espanhol. Uma falha numa válvula do reactor Almaraz II afectou um pressurizador, que esteve temporariamente com níveis acima dos estabelecidos pelas normas técnicas da central. Na nota, não há qualquer indicação de paragem do reactor. O problema foi solucionado em 25 minutos.
O episódio foi classificado como sendo de nível 0 (sem problemas de segurança), segundo a escala internacional de eventos nucleares – ou seja, nem sequer foi considerado como um “incidente”. Houve 26 episódios de nível 0 nas centrais nucleares espanholas desde Janeiro de 2012, cinco dos quais em Almaraz.
A associação espanhola Ecologistas en Acción entende, porém, que o episódio de sexta-feira deveria ser classificado como um incidente de nível 2. Num comunicado, os ambientalistas dizem que o pressurizador em causa é uma peça central para a segurança do reactor, pois é este equipamento que garante o bom funcionamento do sistema de refrigeração das barras de combustível. Mesmo que não tenha consequências, uma falha num sistema principal de segurança é suficiente para classificar um evento nuclear com o nível 2.
O episódio também deixou inquietos os ambientalistas portugueses. “É uma situação que nos preocupa, porque a central devia ter encerrado há dois anos, depois de ter trabalhado durante 25, mas o Governo espanhol acabou por prolongar a sua actividade por mais dez anos”, disse o presidente da associação ambientalista Quercus, citado pela agência Lusa.
in "Público" - 19/2/2013