Mais um conjunto, o terceiro, das Alcunhas dos Alpalhoenses, 42 quadras da autoria de Joaquim Carrilho Capelão (Novembro de 1986) e que com outros trabalhos são um registo no qual o
autor descreve muitos dos aspectos etnográficos, históricos, manifestações
religiosas, etc., da sua terra natal. Um testemunho que vale pela forma
espontânea da escrita e pelas múltiplas experiências retratadas de um universo
rural e local hoje quase extinto.
Boa
leitura!
22
Sem convento temos Freiras
São pacíficos os Irados
Já me esquecia dos Frades
E das nutridas Moncheiras
23
Há ainda os Balaúses
E creio que Bichos
Faros
E espanhóis que são Lusos
Paisanos que são Majores.
24
Temos Lólos e Leles
Também temos os Mochilas
Temos ainda os Calhabrés
E temos Grilos e Grilas.
25
Há Milhanos e Gaguinhas
Há Pintos e Bagaceiros
Há ainda Papeirinhas
E Sapatas e Sapateiros.
26
Ainda há Cabeças
Negras
Picanços e Poupinhas
Rebentalages e Pegas
Lascarins e Tropecinhas.
27
Temos Pousadas e Parrões
Bolhoas e Continências
Ainda temos os Pulões
Rilas, Carolas e Braganças.
28
Temos também os Lafreiras
Os Baiões e as Balhanas
E ainda restam Carreiras
E os descendentes Chanas
Sem aeroporto há Aviões
Não fazem sabão os Saboeiros
Sem dizer missa há Capelões
Sem fazer lanças, Lanceiros.
30
Estão diminuindo os Giestas
O mesmo acontecendo aos Lucas
Estão a findar os Paidestas
E há muito perdemos o Trucas.
31
Já quase não temos Bichos
Estão-se a ir as Abaladas
Creio só haver um Cachiço
E não haver Amaldiçuadas.
32
Também tivemos uma Macaca
Ainda nos resta um Negas
E está vivinho o Farrápas
Creio ainda restarem Tetas.