Eis que mais um ano passou… e aí estamos nós à beira de mais uma das mais esperadas tradições da nossa Terra: a procissão dos Passos. Este ano fiquei encantada com a notícia que obtive através de fonte a qual não vou divulgar o nome, pois de pouco interessa… foi por volta do meio de Março que me foi dito que em princípio este ano a Procissão se iria realizar os dois dias e por completo. Fiquei extasiada, contente e perplexa perante o que ouvira, fiquei no fundo muito contente, mas infelizmente tudo se desvaneceu… lembro-me de ter dito ao receber a notícia: - Finalmente!!! Mas… no fim do mês de Março recebi a notícia à qual me fora dito que afinal iria ser só um dia como tivera sido até aqui desde que recomeçara. Fiquei completamente desacreditada com tudo, e o encantamento que sentira ao princípio desvanecia-se no ar… não sei de onde nem de quem partiu esta recusa mas se realmente no meio de tudo isto existem culpados se assim se puder dizer então esses como se diz na gíria: “Que enfiem a carapuça”. E que me desculpem, mas não posso deixar de dizer o que penso, embora, contudo quero deixar claro que mais vale pouco, que nada! Passo a citar: Até que ponto, como, quem e porquê querem acabar com tradições tão antigas? Ignorando simplesmente que as tradições religiosas jamais existiram… estando deste modo a fazer com que cada vez mais cidadãos deixem de participar nestas celebrações religiosas, fazendo com que os mesmos aos poucos deixem de estar presentes, chegando em muitas das vezes a abandonar a própria igreja. Será isto, estes exemplos, a nossa religião? Vemo-nos obrigados a perder momentos de pureza, amor, e encontro com Deus, em que muitas das vezes só nestes actos religiosos conseguimos alcançar a esperança perdida, e até mesmo só nestas alturas consegue haver uma maior proximidade entre famílias, ao qual não acontece durante um ano inteiro… e são tantos os sentimentos… entre beijos, abraços, encontros e reencontros, risos e lágrimas (muitas delas de saudade) o sentimento que aqui reina é apenas um, amor ao próximo e a Deus, e nestes actos o que consigo sentir e dizer é que todos, somos apenas um só… é algo de inexplicável! E contudo isto, pergunto: -Para quê tanta Burocracia? Será que o desejo e a vontade de um povo não conta? Quem poderá ser a voz do povo, para ir até onde for preciso para manter vivas as nossas tradições religiosas, tão antigas, simbólicas e valiosas, tradições que os nossos antepassados começaram e tão carinhosamente nos deixaram. A quem de direito, às entidades competentes e a todos os que se vêem envolvidos nesta celebração religiosa, em meu nome e em nome do povo quero deixar um apelo sentido: -Por favor, tocando no coração de quem ama, sente e acredita que tudo é possível, para isso havendo um pouco de vontade, peço-vos que descruzem os braços e façam o que for preciso para que a “nossa” amada procissão dos Passos seja feita do principio ao fim, com toda a sua grandeza e verdadeira história, como fora conhecida há muitos anos atrás. Não deixem que esta tradição acabe! Tenho plena consciência que este ano já não é possível, mas… ao menos dêem-nos uma esperança de que para o ano seja diferente… e que o que se perdeu volte a ser encontrado e reconquistado! Sem mais, quero aqui deixar o meu muito obrigado a todas as entidades que aqui possam estar envolvidas, e outros mais, ficando com a certeza de que algo vai ser feito da parte de quem de direito para trazer de volta esta tradição religiosa com toda a sua grandiosidade, não a deixando voltar a acabar, ou simplesmente mais uma vez… morrer aos poucos! Termino, deixando cumprimentos para todos os Amieirenses e amigos da “nossa” linda e histórica Amieira do Tejo.
P.S.: Este ano, por muita pena minha, não vou poder estar presente por motivos pessoais e profissionais, mas eu serei apenas uma gota no oceano no meio de todos os que aí irão estar presentes, mas esse dia ira estar com toda a certeza dentro do meu pensamento e do meu coração e para o ano se Deus quiser aí estarei presente, nessa que é “nossa” tão amada entre outras procissões. Até Breve!
Ana Paula Mendes Nunes da Conceição Horta - 5 de Abril de 2011