13.1.19

NISA: A história por fazer dos 90 anos da Praça de Touros (I)

Em Outubro do ano que findou, a Praça de Touros de Nisa completou 90 anos de existência. Uma efeméride que ficou por assinalar, independentemente da polémica à volta do "gostar ou não gostar" de touradas. Essas questões, a existirem em 1928, ano em que a Praça foi inaugurada, seriam de outro tipo e prendiam-se, basicamente, com a falta de um recinto adequado para tais espectáculos, realizados nas praças públicas, como há registos em Alpalhão e Montalvão, ou no Curral da Adua, em Nisa, de que subsistem, igualmente, documentos fotográficos, que são também históricos.
E por eles se vê que as touradas, "à vara larga", eram, à falta de outras distracções, espectáculos muito populares e com farta assistência.
Esse terá sido, talvez, o factor determinante que levou à constituição de uma comissão de melhoramentos locais e que se organizaram formando a Empresa Tauromáquica Nisense Lda que tomou em suas mãos a construção da Praça de Touros de Nisa, na altura uma das mais importantes da província e na qual se realizaram imponentes espectáculos tauromáquicos com não menos famosos artistas do toureio a pé e a cavalo, sendo de realçar, nos primeiros anos de existência do recinto, a tourada em 1932 a que assistiu o Presidente da República, General Carmona e outros membros do Governo, bem como outras com famosos toureiros nacionais e internacionais, como Diamantino Vizeu e outros.
Em 1960, aquando da inauguração do Hospital Sub-Regional de Nisa, as quotas da Empresa Tauromáquica Nisense Lda, tais como as da Empresa do Teatro Nizense Lda, proprietária e administradora do Cine Teatro de Nisa, foram doadas à Santa Casa da Misericórdia de Nisa, passando esta instituição a deter a propriedade e gestão dos dois importantes imóveis, ambos casas de espectáculos, de natureza diferente. Não tão diferentes como se possa supor. Isto porque a Praça de Touros de Nisa não se limitou (não se tem limitado) ao longo da sua já longa existência, à promoção e realização de espectáculos taurinos, mas também tem dado resposta a outras solicitações de âmbito cultural e recreativo que lhe têm sido feitas quer por parte de autarquias (Câmara e Juntas de Freguesia), quer por parte de associações e até de entidades particulares, em nome individual ou colectivo, para as mais diversas iniciativas, desde festivais de folclore a concertos musicais, muitas delas visando a obtenção de receitas para acudir a emergentes situações de carácter social.
É nessa perspectiva e não noutra que deve analisar-se a importância da Praça de Touros de Nisa e do papel fundamental que desempenhou ao longo de todos estes anos. Um imóvel que representa uma mais valia para a instituição sua proprietária, a Santa Casa da Misericórdia de Nisa, mesmo tendo em conta os assinaláveis encargos que um tal edifício acarreta, a juntar às constantes disposições legais que impõem obras de restauro e de beneficiação, em favor da melhoria dos conforto e das condições de segurança dos artistas e dos espectadores.
NOTA: Este artigo, pensado para ser publicado em Outubro, e melhor documentado sobre a "vida" da Praça de Touros de Nisa, acaba por ver a luz do dia por uma circunstância fortuita: a "descoberta" de um texto sobre um "safari" em Amieira, com uma ligação directa à nossa Praça de Touros. Vai passar, a história, para o post seguinte.
Mário Mendes