Em qualquer atividade a prestação
de contas é entendido como um ato de verdadeira transparência e boa gestão,
dignificando e valorizando aqueles que o fazem, transmitindo aos restantes a
informação necessária para poderem avaliar de forma isenta essas mesmas
funções. E, mais relevante é, quando se fala de dinheiros públicos, aplicados
ao serviço da democracia, tal como são as subvenções atribuídas aos partidos
políticos, para financiar as suas campanhas eleitorais.
Faz agora um ano, em 29 de
Setembro, que se realizaram as últimas eleições autárquicas 2013, mas, só em
Julho de 2014 foram validados os respetivos documentos, junto do Tribunal de
Contas.
Perguntamos nós, que partidos
políticos tiveram a ousadia de apresentar publicamente as suas verdadeiras
contas ao eleitorado? Quando se apregoa tanta transparência e ética na
política, o que é que realmente se sabe? Quanto se gastou nas últimas eleições
autárquicas 2013, em Nisa? Poucos são os que sabem…os verdadeiros números. Mas,
porquê tanto segredo?
Após uma pequena investigação,
aqui ficam alguns dados, para refletir:
As quatro candidaturas autárquicas
(CDU; PS; PSD/CDS; MIMCN) que se anunciaram ao eleitorado, em 2013, no concelho
de Nisa, apresentaram uma despesa total de 81.761,53€, dos quais 48% dizem
respeito à candidatura da CDU/Nisa.
Vejamos, mais em pormenor, estes
dados:
A CDU apresenta-se como a força
política, no concelho de Nisa, com o maior investimento, para esta campanha
eleitoral, com uma receita de 40.726,74€, em que 41% provêm da subvenção
pública e 25% de fundos próprios do PCP. No campo da despesa, apresenta um
valor total de 39.884,64€, com destaque para duas rubricas, que são a
divulgação e propaganda politica (que inclui: folhetos, pendões e cartazes) que
representam 11% e a rubrica espetáculos e artistas com 10% do total das
despesas.
Quanto ao PS, apresenta uma
receita de 26.053,45€, dos quais 99% provêm da Subvenção Estatal. No campo das
despesas, o total é de 24.531,39€, com destaque para as rubricas mais
significativas, que são a “Propaganda, comunicação impressa e digital”, com 46%
dos gastos e os “Comícios, espetáculos e caravanas”, que representam 25% do
total da despesa.
A coligação PSD/CDS – Nisa, teve
uma receita total de 14.345.50€, dos quais 79,8% são de subvenção estatal. Enquanto
a despesa total tem o mesmo valor da receita total (14.345,50€), em que 26,1%
foram gastos em cartazes, estruturas e telas e 21,7% em espetáculos, comícios e
caravana, e 10% em brindes e ofertas.Por último, o Movimento
Independente Mexer Com Nisa, com uma
receita de 3.000€ de fundos próprios, sem direito a qualquer subvenção estatal.
Apresentou uma despesa do mesmo valor da receita (3.000€), onde se destacam as
rubricas de “Propaganda, comunicação impressa e digital” com 43% e “Estruturas,
cartazes e telas” com 33.3% do total da despesa.
E, contas são contas! Tal como diz
o ditado popular "À mulher de César não basta ser séria, tem de parecer
séria", e a prestação de contas é algo que já devia estar enraizado na
nossa cultura democrática de quatro décadas de poder local.
Nota: Este texto teve como
principal fonte: informação pública e disponível no site do Tribunal de Contas
da República Portuguesa, com acesso livre a qualquer cidadão.
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO