29.8.11

OPINIÃO: ESTAÇÕES COM VIDA

Como anteriormente aqui mencionei, e por várias vezes, para a importância na sociedade, da existência de elevados valores que dignifiquem os próprios e o seu meio envolvente, nomeadamente nos aspectos culturais e sociais.
No seguimento desta linha de pensamento, deparamo-nos esta semana com uma excelente noticia, que apanhou desprevenidos os agentes culturais da cidade invicta, ou melhor: espantados e boquiabertos, com designação da sua Gare Ferroviária de São Bento, como uma das mais belas do Mundo, pois é, assim mesmo vem estampado, em grande destaque, na revista norte americana “Travel e Leisure”, apontando para a beleza dos seus vários paneis em azulejo, pintado pela mão do mestre Jorge Colaço, no inicio do século XX, onde retrata com toda a precisão e minúcia as gentes do Norte e os seus usos e costumes.
Onde outrora fora um Mosteiro de Freiras Beneditinas de São Bento da Avé Maria, passaria no inicio do Século XX a albergar aquelas enormes e imponentes máquinas a vapor que chegavam ao Porto, e como alguém uma vez disse, as estações dos comboios são uma montra das cidades ( vilas ou lugares), por onde o comboio passa e para.
E vem tudo isto a propósito da primeira imagem que me veio ao pensamento, quando ouvi esta notícia pela primeira vez: Já algum dos nossos autarcas reparou nos painéis lindíssimos, que se encontram nas Estações Ferroviárias de Marvão (Beirã), Castelo de Vide e de Vale do Peso? Não? Pois deviam, porque retratam muito bem este povo e os seus monumentos.
Todos sabemos que já lá não param comboios e muito menos pessoas, mas isso não é motivo para abandonar esse riquíssimo património, que são as estações ferroviárias, e a solução passa pela sua reconversão, abertas ao público, e quem sabe com uma vertente pedagógica e cultural, e até mesmo um circuito ou uma rota das estações desactivadas do Alto Alentejo. A ideia mais uma vez aqui fica lançada, na esperança que alguma entidade pegue nela e lhe dê uso. Porque o que menos gostaria de ver, era que estas estações, tivessem o mesmo destino que um dia tiveram as antigas “casas dos cantoneiros”, propriedade das Estradas de Portugal, que foram emparedadas e totalmente destruídas.
Por isso o repto aqui fica lançado, porque só damos conta do que realmente temos, em termos culturais, quando alguém lá do estrangeiro, nos alerta para toda esta imensa riqueza que está mesmo á nossa frente, e que é este nosso património material e imaterial.
E mais uma vez refiro, que nos momentos de crise, mais do que nunca, a importância para usar a cabeça é um trunfo, basta a mesma ter lá dentro algo que seja construtivo e que nos traga mais-valia, e para isso é necessária gente com acrescentada sensibilidade nestas áreas: da cultura e do turismo, porque é aqui que se encontra o futuro deste povo, descobrindo o seu passado, para poder construir um futuro melhor.
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO