4.2.11

GUERRA COLONIAL: Para que a memória não se apague...


CANÇÃO COM LÁGRIMAS - Adriano Correia de Oliveira
Eu canto para ti um mês de giestas
Um mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada.

Eu canto para ti um mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema.

Porque tu me disseste quem me dera em Lisboa
Quem me dera em Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro.

Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio.

Porque tu me disseste quem me dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol Lisboa com lágrimas
Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve
Eu canto para ti Lisboa à tua espera...
Letra: Manuel Alegre; Música: António Portugal

Foi há 50 anos. Reza a história que "Na madrugada de 4 de Fevereiro de 1961, militantes do MPLA assaltaram dois estabelecimentos prisionais e uma esquadra de polícia, em Luanda. A 15 de Março, grupos da UPA lançaram sangrentos ataques contra fazendas, postos administrativos e localidades dos distritos do Zaire e do Uíge.
Os ventos do nacionalismo tinham começado a soprar com violência em Angola e não tardariam a atingir a Guiné e Moçambique...
A guerra tivera o seu início. E seria longa..."
in "Os Anos da Guerra - 1961-1975 - Os Portugueses em África, Crónica, Ficção e História"