7.8.10

NISA: No rastro da memória

A Feira de Artesanato e Gastronomia de 1990
Há 20 anos, de 27 a 31 de Julho realizou-se em Nisa, mais uma edição da Feira de Artesanato, Gastronomia e Outras Actividades Económicas.
Com um programa de animação que procurou destacar e promover os artistas e associações do concelho, a Feira de Artesanato de 1990 cumpriu o seu papel de divulgação das potencialidades de Nisa e da “Corte das Areias”, nomeadamente a nível do artesanato, produtos tradicionais e gastronomia, para além de promover o encontro e convívios entre os residentes e ausentes.
Como nota negativa, nesta como noutras edições anteriores, as condições do piso com o pó que levantava, prejudicando, quer os participantes com os seus stands, quer os próprios visitantes.
À parte este aspecto, o programa de animação trouxe até nós, no primeiro dia, a Orquestra Ligeira de Alegrete, que pode apreciar o Festival de Acordeão de músicos do concelho de Nisa.
A 28 de Julho, teve lugar o Festival de Folclore, organizado pelo Rancho Folclórico da Casa do Povo de Nisa, hoje, extinto e com a participação de 9 grupos folclóricos representando distintas regiões do país.
No terceiro dia da Feira, destaque para as actuações da Banda Filarmónica 1º de Dezembro de Campo Maior, Grupo de Cantares de Belver e o ti João Louro, já falecido, músico popular e tocador de harmónio.
A animação do dia 30 de Julho foi integralmente preenchida com artistas nisenses, com os grupos da Sociedade Musical Nisense (Orquestra Ligeira, Grupo de dança, Grupo de Música Popular) e Maria André.
O último dia da Feira de Artesanato e Gastronomia foi dedicado a artistas e associações do concelho, tendo, actuado a Banda da Sociedade Filarmónica de Tolosa ( que pena ter-se perdido o contributo desta associação), Banda da Sociedade Filarmónica Alpalhoense, Marcha Popular de Alpalhão, José Dinis (músico popular, tocador de harmónio) e a encerrar a festa o Rancho Típico das Cantarinhas de Nisa.
Sem pretensões de “internacional”, gastos exorbitantes e sem “valquírias” no horizonte, eram assim, na Alameda, as Feiras de Artesanato e Gastronomia do concelho de Nisa.
Não seriam um exemplo de organização, haveria falhas que todos os anos se procuravam corrigir; a gastronomia nem sempre chegava para todos os pretendentes, mas o povo, residente e ausente, juntava-se em fraternal convívio, sob as folhas frescas e protectoras dos plátanos do Rossio.
Os mesmos que foram plantados há 100 anos, anunciando a auréola da República e de um tempo novo. Os mesmos que, passado um século, após terem escapado “à fúria devastadora” que quase arrasou o Rossio, ali permanecem, altivo e orgulhosos, como imagem e memória de um tempo em que se procurava desenvolver Nisa, harmonizando passado e presente, com rigor e respeito pelas contas públicas.
Tal como agora, afinal...
Mário Mendes