Jardim central e igreja do Calvário, sec. XVIII.
Seguramente há mais de trinta anos que não passava em Nisa, a IP2 que liga Portalegre com a A23, via Barragem do Fratel, desviou da N364 e da N18 a maior parte dos viajantes que dantes por ali circulavam em demanda de terras da Beira Alta.
Loja de olaria e bordados ao pé do cine-teatro de Nisa.
No passado dia 16, sexta-feira, conduzido por uma jovem latifundiária alfacinha aí vou eu pela A1 apanhar a A23 para depois, saindo, seguir pela IP2 até às proximidades de Amieira do Tejo, e então pela N364, via Arez, alcançar a simpática vila alentejana a quem D. Manuel I deu foral em 1512. Famosa pela sua olaria cuja técnica decorativa do empedrado a distingue das demais louças regionais do país; ao barro e pequenos fragmentos de quartzo branco da região vão os oleiros da terra recolher o produto de que se servem para fazer verdadeiras peças de arte: a louça de Nisa.
Mas para um transmontano de Basto saber que como em Mondim também na vila de Nisa, NS da Graça tem ermida e dá o nome a um dos mais importantes miradouros desta alentejana zona de trasinção me dá particular regosijo.
Nossa Senhora da Graça, que se venera em Nisa (Portalegre)
Zona de barros, mas também, como na minha, de muitos calhaus... de granito
O destino desta viagem não era demorar em terras do Alentejo, nem da Beira Baixa, mas de passar o fim de semana em terras de Leiria, onde na Bajouca, também capital do barro leiriense, ia decorrer até domingo, dia 18, a já tradicional Feiriarte, certame que a ABAD, uma associação local ali promove anualmente. Quer isto dizer que logo após a visita à herdade da minha condutora e de um breve passeio pelo centro da vila foi o apanhar de imediato a N18 e a caminho de Vila Velha do Rodão descer e deixar para trás a ribeira e as famosas curvas de Nisa de que já tinha saudades.
O Tejo que dantes entrava ligeiro pelas Portas do Ródão é hoje uma banheira de água choca.
Os ares da serra e o embalar das curvas de Nisa fizeram-se reflectir no abrir-me o apetite. A hora também começava a convidar pois eram cerca das 12h30 quando estava a atravessar a Ponte de Vila Velha, paralela às "Portas do Ródão". Lembrei-me então do famoso restaurante que, agora em ruínas, ali junto à ponte servia o apreciado arroz de lampreia e atraía turistas das mais diversas proveniências. A barragem deu cabo de tudo e a fábrica de celulose ajudou. É um "bom" exemplo para apontar aos defensores das barragens nos rios de Portugal.
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