A elevada letalidade do
Cancro do Pulmão é devida ao seu diagnóstico tardio e à má resposta ao
tratamento nos casos de doença avançada. Cerca de 70 a 80% dos casos de Cancro
do Pulmão ainda são diagnosticados em estadio localmente avançado ou
metastizado, situação em que não há terapêutica curativa. Mesmo com os avanços
de diagnóstico nesta área, as pessoas com Cancro do Pulmão continuam a chegar
aos centros de diagnóstico e terapêutica dos Hospitais em fase avançada da
doença que não permite terapêutica curativa.
O diagnóstico tardio do
Cancro do Pulmão está relacionado, com o facto de os sintomas se podem
confundir com os sintomas de bronquite ou uma infeção respiratória arrastada,
dores ósseas degenerativas, etc.
Embora a idade média de
aparecimento de Cancro do Pulmão se situe nos 72 anos, esta não é apenas uma
doença de idosos. Há um elevado número de mortos abaixo dos 65 anos e, os casos
em pessoas com menos de 45 anos têm vindo a ser cada vez mais frequentes.
A percentagem de pessoas
que não fumaram, mas que têm Cancro do Pulmão tem vindo a aumentar, rondando
atualmente os 20%. O número de mulheres com Cancro do Pulmão tem vindo a
aumentar devido ao aumento de mulheres fumadoras e também a alterações
genéticas causadoras de cancro.
Idade mais baixa, sexo feminino e o facto de não ser fumador, que eram considerados anteriormente indicadores de muito baixa probabilidade de ter cancro do pulmão, já não podem ser considerados como tal.
Sintomas como tosse com
ou sem expetoração, falta de ar, farfalheira ou com cansaço, dores no peito,
dores ósseas, dores de cabeça, falta de apetite, emagrecimento sem causa
aparente, alterações nos dedos, podem ser devidos a cancro do pulmão.
A primeira vez em que eu
achei que tinha salvo uma pessoa de morrer de cancro do pulmão, ainda não
estava a trabalhar na área do cancro do pulmão. O dono de uma loja perto de
casa, um grande fumador, apresentava unhas em baqueta de tambor, uma das
síndromes para neoplásicos do cancro do pulmão. Quando vi as unhas desse
senhor, referenciei-o a uma consulta de pneumologia, e, para tornar uma
história grande curta, ele foi operado e sobreviveu ao cancro do pulmão.
Mas continua a ser
fundamental um diagnóstico atempado e para isso é importante que todos
estejamos atentos à possibilidade do diagnóstico de Cancro do Pulmão, médicos e
população em geral. O aparecimento de tosse sem causa aparente ou com duração
de mais de uma semana, sangue na expetoração, cansaço inexplicável, dores
persistentes, cefaleias, são sintomas que devem levar à consulta do médico
assistente com suspeita de Cancro de Pulmão.
Teresa Almodôvar,
Diretora do Serviço de Pneumologia do IPO de Lisboa