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5.2.24

SAÚDE - Cancro do Fígado: um diagnóstico que traz mais do que desafios médicos para os doentes

O cancro do fígado é uma batalha silenciosa enfrentada por muitas pessoas em todo o mundo, pelo que é crucial destacar a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento desta doença. A consciencialização acerca dos fatores de risco, como as hepatites virais, o consumo excessivo de álcool e a obesidade, é um passo fundamental para prevenir este cancro.
Este tipo de cancro pode manifestar-se através de sintomas como perda de peso inexplicável, dor abdominal, inchaço abdominal, icterícia, fadiga extrema e perda de apetite. Reconhecer esses sinais pode ser crucial para um diagnóstico precoce e um melhor prognóstico.
Existem vários fatores de risco associados ao desenvolvimento do cancro do fígado, tais como a cirrose hepática, a infeção crónica por vírus da hepatite B ou C, o consumo excessivo de álcool, a obesidade e a diabetes. Mas esta é uma situação prevenível, evitável, tratável e, por vezes, curável.
A prevenção do cancro do fígado envolve a adoção de hábitos saudáveis, tais como evitar o consumo excessivo de álcool, manter um peso saudável e realizar a vacinação contra a hepatite B. Além disso, é fundamental promover, nos casos em que isso está aconselhado, a realização dos exames de rastreio para deteção precoce do cancro do fígado. Estes estão indicados nas pessoas com cirrose ou fibrose hepática avançada e nas que têm infeção crónica pelo vírus da hepatite B. O rastreio é realizado por ecografia abdominal, realizada por radiologista com experiência a cada 6 meses, o que permite ajudar na deteção precoce e aumentar as probabilidades de tratamento eficaz.
No que diz respeito ao doente, é imperativo não apenas considerar a doença em si, mas também o impacto que a mesma tem na sua vida e na daqueles com quem convive diariamente. O diagnóstico de cancro do fígado traz consigo, além de desafios médicos, implicações emocionais, físicas e sociais. O apoio e a compreensão da sociedade são essenciais para que os doentes enfrentem esta jornada com coragem e dignidade.
O cancro do fígado não é apenas uma estatística, mas sim uma realidade vivida por muitos. Unidos podemos fazer a diferença, proporcionando uma vida mais plena e de qualidade, na qual o doente poderá encontrar compaixão, entendimento e tratamento adequado.
* Artigo de Arsénio Santos, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF)

2.1.24

OPINIÃO: Proteja a saúde do seu Fígado: Comece pelo Desafio Janeiro Sem Álcool

Ano novo, resoluções novas. Lembre-se de incluir a saúde do fígado na sua lista de prioridades para 2024. Sabemos que a quadra festiva é uma época propícia para excessos, pelo que não existe melhor altura para começar a olhar por si do que o primeiro mês do ano.
Ao longo do tempo, o consumo excessivo de álcool causa danos cumulativos no fígado, levando à inflamação e a lesões degenerativas. Neste processo degenerativo, as células hepáticas saudáveis são substituídas por tecido cicatricial, a chamada fibrose, prejudicando o normal funcionamento do fígado. A progressão da fibrose leva à cirrose hepática, uma condição dificilmente reversível, o que enfatiza a importância de ser prevenida.
Outras condições, como as hepatites virais, a esteatose hepática de causa metabólica, também conhecida como fígado gordo, e as doenças autoimunes, também contribuem para a sua ocorrência. Contudo, o consumo abusivo de álcool é a causa mais comum, um cenário que ainda se torna para nós mais preocupante tendo em conta que os portugueses são dos povos com maior ingestão de álcool e onde este hábito se manifesta, de forma preocupante, desde tenras idades.
Para evitar a cirrose hepática e manter a saúde do fígado é importante ter alguns cuidados, nomeadamente começar por adotar um padrão de consumo mais seguro. Deve lembrar-se que é essencial estabelecer limites, mesmo quando o contexto onde estamos inseridos incita a comportamentos de risco.
Se tem dificuldade em “dizer que não a um copo” no seu ambiente social, pode, por exemplo, optar pelas versões sem álcool das bebidas alcoólicas. Deste modo, estará a olhar pela sua saúde, e ao mesmo tempo a manter-se incluído nos contextos mais descontraídos, sem deixar que a pressão social vença.
Se, porventura, sente que moderar o seu consumo está a ser mais difícil do que esperava, não desvalorize, pois está na altura de pedir ajuda. Seja transparente com os seus amigos e familiares sobre a situação e procure o acompanhamento de profissionais de saúde, que irão encaminhá-lo para o tratamento adequado.
Tenha também noção de que não existe nenhum limite para o consumo de álcool que possa ser considerado seguro para todas as pessoas. A suscetibilidade ao álcool é muito variável e alguns poderão desenvolver doença hepática ao consumirem quantidades de bebidas alcoólicas consideradas normais.
Portanto, deve aproveitar o embalo do novo ano para incluir na sua agenda o seu exame médico de rotina, que poderá eventualmente acompanhar-se da realização de análises ou de exames , onde o fígado deve ser considerado , especialmente se apresentar histórico de consumo excessivo de álcool ou outros fatores de risco.
Lembre-se sempre de que a prevenção é a melhor forma de preservar a saúde do fígado e viver uma vida saudável e plena. O Desafio Janeiro Sem Álcool é a oportunidade para não desistir e começar a refletir sobre os seus hábitos de consumo, adotando uma prática mais moderada em relação às bebidas alcoólicas e, assim, prevenir um conjunto de complicações irreversíveis e fatais.

*Arsénio Santos, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF)