20.11.24

EM FRANÇA: A morte de Francisco Correia Mourato

É uma notícia triste, daquelas que não gostamos de transmitir. Em França, onde residia na cidade de Blois, faleceu no dia 20 de Outubro, o nisense Francisco da Cruz Correia Mourato. Tinha 73 anos, tal como eu, éramos “artilheiros” e ambos frequentámos a Escola do Rossio na classe do professor António da Piedade Pires. Filho de Rosária da Piedade Correia e de Bartolomeu Farto Mourato, nasceu a 20 de Junho de 1951 e o seu funeral a 28 de Outubro deste ano foi acompanhado por pessoas da comunidade portuguesa e pela esposa, filhos, noras e netos que lhe prestaram a derradeira homenagem. Em França, o Francisco era conhecido pelo “Malagueta” e tinha um enorme orgulho nas suas origens, portuguesa e nisense. A doença prolongada impediu-o nos últimos anos de visitar o país natal, Nisa e os amigos. De entre tantos episódios na escola e fora dela, recordo-me muitas vezes de um, passado no campo. Tinha acompanhado o “Xico” na visita que fizera ao pai para lhe levar o almoço, algures num dos campos da pastorícia próximos da vila. O pai, pastor como tantos nisenses, acabou também para seguir os passos de tantos e tantos conterrâneos seus emigrando para França. Adiante. No regresso à vila e numa azinhaga , levantou-se um bando, numeroso de perdigotos. Tinham acabado de sair do ninho e ainda não voavam, apenas saltitavam, com grande ligeireza. Eu nunca tinha visto perdigotos e logo nos passou pela cabeça que iríamos trazer alguns para casa, tal a proximidade, ali mesmo ao alcance das mãos, com que os víamos. Separámo-nos, o Xico para um lado eu para outro, mas aos poucos a convicção de uma “caçada” desvaneceu-se. As pequeninas aves, com um sentido apurado de sobrevivência, nunca se deixaram ficar ao alcance das nossas mãos. E, facto curioso, com a mesma surpresa com que surgiram aos nossos olhos, num ápice desapareceram da nossa vista. Este episódio encerra uma lição: não dês como certo, o que certo não está! Aos familiares e amigos do Francisco Mourato, apresento as mais sentidas condolências. Mário Mendes