9.9.10

NISA: O cinema de regresso ao Cine Teatro

No próximo fim de semana, o Cine Teatro de Nisa reabre as suas portas e a exibição de filmes, mês e meio depois da última projecção cinematográfica.
Em Agosto não houve filmes para ninguém e se se aceita como justificação o facto de ser um mês muito preenchido com festas, romarias, encontros, convívios e outras iniciativas não é menos verdade que, noutros concelhos vizinhos, o "pico" do Verão não impediu a normal exibição de filmes, apresentando os mesmos com mais uma oferta de cultura e lazer não apenas para os residentes como também para aqueles que nos visitam.
Em Nisa tal não aconteceu e, estou certo, muitos ausentes teriam, certamente, uma oportunidade para revisitarem o "velho-novo" Cine Teatro e ao mesmo tempo aproveitarem o visionamento de um ou outro filme, para mais estando de férias e com maior disponibilidade para o lazer e o ócio. Acresce que a nossa sala possui excelentes condições de conforto e climatéricas, 0 que outrora não se verificava.
A "ausência" de exibição de filmes fez alimentar algumas dúvidas não só sobre a situação financeira da Câmara, que é conhecida, mas, sobretudo, sobre os prejuízos decorrentes da actividade cinematográfica e da falta atempada de pagamentos o que, segundo alguns "conhecedores", teria levado à interrupção do fornecimento de filmes por parte das empresas distribuidoras.
O cinema em Nisa dá prejuízo. É incontestável. Não só em Nisa como em todos os concelhos do interior ( e até em muitos do litoral) onde essa actividade foi "agarrada", para não morrer, pelas autarquias. É mais um serviço cultural que prestam aos munícipes e que de outra forma não seria possível.
Tem custos elevados, é certo, mas não é menos certo que, sem esta actividade, semanal e regular, o Cine Teatro não teria justificado o forte investimento que foi feito e, por outro lado, caminharia, a passos largos para a sua degradação e decadência.
Sou do tempo, ainda, em que o Cine Teatro Nisense exibia filmes com lotação esgotada, às vezes com dose dupla e tripla. Para além da bola, aos domingos, não havia mais nada como divertimento. Sobravam as tabernas e os cafés. Hoje, o audiovisual, qual tsunami, tomou conta de todas as esferas de comunicação. Os filmes chegam em poucos dias a um qualquer canal de televisão ou são "copiados" enquanto diabo esfrega um olho. Perdeu-se o interesse pela Sétima Arte, grande parte das pessoas têm o cinema em casa, no aconchego da sala.
Filmes como o "Invictus" exibido em Nisa e a que assisti, não teve mais do que 30 espectadores. A outros bons filmes que têm passado pela nossa sala de espectáculos o número de assistentes não é muito diferente. A média de espectadores, por filme, é capaz de ser um pouco mais baixa.
Por que não vão os nisenses ao cinema? São os preços caros? A divulgação é mal feita? A escolha dos filmes deixa muito a desejar?
Por mim, que cresci vendo os filmes da Castello Lopes, as superproduções como "Os Dez Mandamentos", "A Queda do Império Romano", Sansão e Dalila", "Ben-Hur" e tantos, tantos outros, o verdadeiro lugar da exibição e fruição do prazer que um filme nos provoca é, e será sempre, a sala de cinema.
Isto, apesar de não ser tão assíduo frequentador como gostaria.
Mário Mendes