30.6.10

PONTÁ BITÉFES - Quando a razão se sobrepõe à cegueira

O portão metálico instalado, indevidamente, no caminho público de acesso ao rio Tejo em Amieira foi retirado, de acordo com informação prestada pelo presidente da Junta, Rogério Dias, na sessão da Assembleia Municipal de 28 de Junho.
A decisão só peca por tardia, depois da denúncia sobre a colocação abusiva de tal estrutura ter chegado à Assembleia Municipal. Cumpre-se, assim, uma recomendação da mesma, evitando-se que o assunto transitasse para o Ministério Público.
Acredito que a colocação da estrutura metálica tivesse uma boa intenção e longe de mim pensar que o presidente da Junta de Freguesia de Amieira do Tejo agiu de má fé. Cumpria-lhe preservar um bem público, o barco para a travessia do rio e propriedade da autarquia, só que, talvez por desconhecimento, ao pretender resolver um problema (a segurança de um bem colectivo) criou um outro, ao limitar e impedir nalguns casos, o acesso público ao rio.
O Tejo é património da humanidade. Aprendemos todos na primária que nasce na serra de Albarracin em Espanha e para nós, nisenses, alentejanos e portugueses, já nos bastam as "tropelias" que nuestros hermanos cometem sobre o rio, uma das quais, a mais grave, é o sugamento das suas águas através de transvases, muitos deles ilegais e sem qualquer controlo.
Andou bem, por isso, a Junta de Freguesia de Amieira do Tejo e o seu presidente, ao reconhecerem a justeza de uma denúncia e crítica sobre um acto ilegal, repondo a livre passagem de acesso ao rio.
Bom seria que outros autarcas de freguesia do concelho e o próprio de Amieira do Tejo, tomassem a mesma atitude em relação aos caminhos vicinais públicos, um dos problemas mais graves existentes no nosso concelho, no que se refere à usurpação e vedação de parcelas do território que são de todos.
Quando o bom senso e o uso da razão se sobrepõem à "cegueira política" é possível resolver problemas para o bem de toda a comunidade.
Amieira do Tejo fica mais rica sem "o muro metálico" de acesso ao rio.
É que, para "guetos", já nos bastam os da Faixa de Gaza...
Mário Mendes