5.7.09

NISA: Quando o culto da personalidade e a teimosia se sobrepõem aos interesses dos Munícipes


Democracia é participar não só em voto mas em qualquer momento fora do período eleitoral
(...) O culto da personalidade é um fenómeno negativo que comporta inevitavelmente pesadas consequências no partido em que se verifique.

(...) É a prática da direcção individual e da sobreposição da opinião individual (mesmo que errada) à do colectivo. É a aceitação sistemática, cega, sem reflexão crítica, das opiniões e decisões do dirigente.
Álvaro Cunhal - O partido com paredes de vidro
Não podemos deixar de ouvir considerações que se tecem na praça pública sobre a actuação dos nossos órgãos representativos a nível de poder local.
Algumas foram as obras que se fizeram de grande impacto, como o arranjo da Praça da Republica, a substituição da rede de distribuição da água e consequente repavimentação, também consequente estudo rodoviário com colocação de sinalização. Não falando nas grandes termas de sonho e outras mais, muito dinheiro se gastou em benefício da nossa terra. Bem-haja o esforço!
Não encarem este texto como só parte de uma critica destrutiva, ouvimos as pessoas no dia, participamos no debate e acreditem que há quem vos defenda. Estamos todos na vossa mão, porque temos a filha, filho ou genro que depende da "fábrica" Câmara, e ela não vai fechar tão depressa!
Façam as obras que fizerem, não conseguem mudar nada de substancial, não promoveram o emprego. Os nossos jovens continuam a ter que partir deixando cada vez mais definhado este concelho abandonado. Vão sempre arranjando tachinho alguns amiguinhos da linha dura desta ditadura estalinista que de momento já controla quase tudo e todos. Quando muitos dos nossos jovens têm que emigrar para arranjar trabalho, ter um carrito, arrendar casa, constituir família. Muitos destes já conseguiram subir na vida, ter o trabalho nem que seja temporário, mal pago e a recibos verdes.
Alguns deles aparecem só na altura da época festiva, bem formados e qualificados. Basta ir aos bares existentes junto ao jardim nestas alturas, muito álcool jorra por estas alturas convivendo com os colegas de escola, embora alguns a trabalhar em qualquer coisa que dependa da Câmara, directa ou indirectamente! Planos de formação, associações geridas pelos amigos, etc. etc. Porque o afastamento dos pais é difícil, mas também o é daqueles com quem crescemos, na cumplicidade da descoberta, da partilha, de construção da personalidade.
De início começam por vir quase todos os meses, depois nas festas, no verão, e um dia já não fazem parte do nosso imaginário…
Qualquer obra que se fizesse na Praça da República seria boa, independentemente do que fosse. Parabéns finalmente.
Desgosta-nos a solução adoptada. Em primeiro lugar patrimónios não são só os aglomerados e prédios urbanos, também o são os jardins, mesmo as árvores! A tão emblemática “arvore da mentira” morreu, e quase todas as tílias, que pena! Onde nos escondíamos para dar o primeiro beijo perto dos pais na pastelaria jardim. Onde fumamos o tão mal fadado primeiro cigarro. A sua copa era enorme, chegava até ao chão, linda mesmo. O nosso jardim tinha cheiro, tinha peixes no “repuxo”, era enorme! Tinha buganvílias que se entrelaçavam nas grades de protecção e a ornamentavam em todo o seu comprimento do lado nascente. Estas já tinham muitos anos pois pareciam as latadas das parreiras, magnífico. Quanto brincamos naquele jardim, vinha o verão e com ele centenas de emigrantes, era o auge da vivência do jardim. Os moçoilos com fisgas de arame atiravam umas bolinhas que caíam das arvores ás moças de mini saia, as meninas “francesas”.
O nosso jardim também tinha muita vida na Páscoa, não só por ser uma época da família, mas porque passavam centenas de autocarros para a Serra da Estrela e era na praça que estacionavam os autocarros para dar inicio ao piquenique, á festa!
Nada disto foi tido em conta, faz-se uma obra sem pressupostos do cliente, sem o conhecer, sem dialogar, que bom exemplo nos dão os nossos representantes. Pior, e por birra muda-se a emblemática fonte contra um abaixo-assinado, a decorrer. Outra lacuna em como foi um projecto de brincadeira de estirador, brincando com o compasso tal menino na aula de desenho, algures bem longe de Nisa. É quando pretendemos atravessar de uma maneira rápida o jardim, tal não é possível. Não houve estudo da saída das ruas para o jardim, foi pensado no que estava a dar, uma pequena expo das muitas que se têm feito pelo País. A quantidade de candeeiros plantados nas superfícies bem impermeabilizadas junto com os sinais enterrados já com bom porte parecem crescer na paisagem da linda praça tal e qual centro urbano de muito tráfego.
A destruição do jardim público de Nisa, continua a ser um crime sem castigo. O povo tem memória e um dia vai despertar...
Gema