8.11.24

CULTURA: Festival Terras Sem Sombra

Em Arronches, com um coro filipino e o Caia aos nossos pés Um coro filipino, bem como idas à Igreja Nossa Senhora da Luz e às margens da ribeira de Arronches e do rio Caia. O Festival Terras sem Sombra vai dedicar o próximo fim de semana, 10 e 11 de Novembro, a Arronches, Igreja fiel, no essencial, à traça manuelina, a matriz de Nossa Senhora da Assunção, em Arronches, acolhe na noite de 9 de Novembro (21h30) um concerto inédito, à escala nacional, sob o título “No Regresso de Magalhães: Diálogos Inéditos entre as Filipinas e a Europa”. «Um grupo de mais de quatro dezenas de intérpretes filipinos, o Sing Philippines Youth Choir, um dos mais famosos coros das Filipinas – país que é grande pátria da tradição coral –, sob a direção musical do maestro Mark Anthony Carpio, percorre uma viagem musical de cinco séculos, nas composições para voz, entre outros, de Ily Matthew Maniano, Luca Marenzio e John Francis Wade», diz o Festival Terras sem Sombra. Esta será uma «noite de grande música que se completa com a inusitada colaboração de um grupo de tocadores locais, Pedrinhas de Arronches, que fazem dos seixos encontrados nas margens da ribeira local o instrumento para um emocional repertório». Remonta à década de 1960, a criação do movimento Singing Philippines, inspirado na visão da música filipina Andrea Veneracion, fundadora das Madrigal Singers. Nos anos subsequentes, o ensemble dedicou-se a oficinas de música endereçadas a intérpretes e maestros, com o objetivo de desenvolver competências à criação e manutenção de coros. A tarde de sábado, 9 de Novembro (15h00), propõe uma visita “Ao Encontro das Raízes: O Convento e a Igreja de Nossa Senhora da Luz”. Com o ponto de encontro no Convento de Nossa Senhora da Luz, a atividade é guiada por Tiago Pereira (técnico de Património Cultural) e José António Falcão (historiador de Arte). «Tido como “a menina dos olhos” dos arronchenses, o convento habita, literal e emocionalmente, o coração da vila alentejana. Antiga casa do século XVI, pertencente à Ordem dos Agostinhos Descalços, o imóvel apresenta uma arquitetura despojada, marcada pela sobriedade das linhas e pela utilização de materiais locais. Ao longo dos séculos, aquela estrutura de volumetria imponente, a avultar sobre o casario, desempenhou um papel marcado na vida religiosa e social da comunidade», diz o Festival. Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, o complexo edificado de Nossa Senhora da Luz atravessou períodos de abandono e uso alternado, afastando-se da sua função primeira. Serviu como hospital e quartel, esteve na posse de particulares, atendeu a funções comerciais e foi destinado ao armazenamento de cereais. Em 2023, o imóvel reabriu portas à população após uma requalificação de três anos que lhe devolveu a dignidade e o dotou de infraestruturas aptas a diferentes atividades culturais. Quanto à igreja de Nossa Senhora da Luz, foi erigida, em 1570, no lugar onde existia a ermida de Nossa Senhora da Luz. Trata-se de uma igreja de nave única, formada por capela-mor e duas capelas laterais que terminam em cúpulas pintadas. No edifício, há a realçar o pórtico renascentista, em mármore, com medalhões nos cantos e a fachada formada por arcos de volta inteira assentes em colunas de granito. A torre sineira assume configuração singular. A 10 de Novembro (9h30), domingo, a agenda arronchense do Terras sem Sombra vira-se para os cursos de água locais. Subordinada ao tema “Fontes Vitæ: A Ribeira de Arronches e o Rio Caia”, a atividade tem como ponto de encontro o Centro Interativo da Ruralidade de Arronches (CEIRA). Cabe ao fotógrafo de Natureza Diogo Marecos Duarte, com larga experiência no estudo de avifauna, orientar a visita ao encontro de um traço da paisagem que desempenha um papel de relevância na vida do concelho de Arronches. O Caia é um filão de vida que nasce nas alturas da serra de São Mamede, passando à vista de Alegrete, Mosteiros, Arronches, Campo Maior, correndo em Caia para culminar no rio Guadiana. Em Arronches, o rio encontra as águas mais humildes da ribeira de Arronches que nasce junto aos pontos mais elevados da serra de São Mamede. Dali, serpenteia ao longo de uma extensão de quase 25 quilómetros. A ribeira de Arronches é, há séculos, fonte de água para a população, irrigação agrícola e um valioso suporte à fauna e flora locais. Um curso de água que abriga um importante ecossistema. Na vegetação, freixos e salgueiros, amieiros e choupos, tamargueiras e caniços contribuem para o equilíbrio ecológico e fornecem abrigo a pequenos animais. Aves aquáticas como garças, patos e guarda-rios, mamíferos de pequeno porte, como a esquiva lontra, assim como uma miríade de répteis, anfíbios e insetos aquáticos povoam aquele ambiente aquático. O ciclo de atividades em Arronches realiza-se em parceria com o Município local, a Embaixada da República das Filipinas em Lisboa e a Comissão Nacional para a Cultura e as Artes das Filipinas. O Festival tem o apoio mecenático da Fundação “La Caixa”.