1.11.24

JUSTIÇA: Assassinos de Marielle Franco condenados a 78 e 59 anos de prisão

Os dois assassinos confessos da ex-vereadora e ativista brasileira Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes, foram condenados nesta quinta-feira a penas de 78 anos e 59 anos de prisão pelo 4.º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. O ex-polícia Ronnie Lessa, atirador que matou as duas vítimas, foi condenado a 78 anos, 9 meses e 30 dias de prisão. Já Élcio Queiroz, motorista do carro usado no crime, foi condenado a 59 anos, 8 meses e 10 dias. Os dois executores de Marielle Franco e Anderson Gomes, autores do crime que chocou o Brasil e gerou repercussão mundial, foram condenados por um júri com sete homens, sorteados entre 21 pessoas. Os réus haviam sido arguidos pelos crimes de triplo homicídio, tentativa de homicídio e recebimento do veículo furtado utilizado no crime, e enfrentavam penas que poderiam chegar até aos 84 anos de prisão para cada um, conforme solicitado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Já a defesa dos condenados, os advogados Saulo Carvalho, de Lessa, e Ana Paula Cordeiro, de Queiroz, pediram para que não fossem incluídas nas condenações a maior parte das agravantes solicitadas pelo Ministério Público, alegando, entre outros argumentos, que eles contribuíram para a elucidação do crime ao firmarem acordos de colaboração com a Justiça. Lessa prestou depoimento durante o julgamento e pediu desculpas aos familiares da vítima, após descrever o crime. Além disso, revelou que, antes de Marielle Franco, conhecida pela defesa dos habitantes das favelas, foi cogitada a possibilidade de atacar o ex-deputado e atual presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Ebratur), Marcelo Freixo. "Preciso de pedir desculpa às famílias. Eu perdi o meu pai recentemente e foi horrível. Perder um filho deve ser a coisa mais triste do mundo. Infelizmente, não podemos voltar atrás no tempo. Ao confessar o crime, aliviei um peso dos meus ombros. Tenho a certeza de que será feita justiça", afirmou. O julgamento aconteceu seis anos depois do crime ocorrido a 18 de março de 2018 e está, segundo Lessa, ligado a um esquema de exploração e especulação urbana orquestrada pelas milícias armadas do Rio de Janeiro. No depoimento, Lessa também garantiu que a outra vítima do atentado, o motorista do veículo em que Franco viajava, Anderson Gomes, não estava nos planos, numa estratégia de defesa para o inocentar dessa morte. Foto: António Lacerda / EPA